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Polícia investiga causas do incêndio em Alter do Chão, no Pará

Policiais civis vão apurar se o fogo ocorreu por razões naturais, em meio a estiagem que atinge a savana da unidade, ou se aconteceu por ação humana

Alter do Chão: área de proteção no Pará foi alvo de incêndios (Brigada de Alter do Chão (PA)/Divulgação)

Alter do Chão: área de proteção no Pará foi alvo de incêndios (Brigada de Alter do Chão (PA)/Divulgação)

AB

Agência Brasil

Publicado em 16 de setembro de 2019 às 21h33.

A Delegacia de Conflitos Agrários de Santarém, oeste do Pará, vai investigar as causas do incêndio iniciado no fim de semana na Área de Proteção Ambiental (APA) de Alter do Chão, distrito administrativo da cidade, a quase 1.400 quilômetros da capital Belém.

Os policiais civis vão apurar se o fogo na APA, área de 16 mil hectares criada por lei municipal em 2003, ocorreu por razões naturais, em meio a estiagem que atinge a savana da unidade, ou se aconteceu por ação humana intencional (dolosa) ou acidental (culposa) - eventualmente, por causa de queima de roçado para preparação de terreno para plantio.

De acordo com a secretária de Meio Ambiente de Santarém, Vânia Portela, a polícia vai "investigar quem são os responsáveis por esse crime, esse dano ambiental", disse em áudio compartilhado pela própria secretaria. "É lamentável. São imagens fortes que nos entristecem".

"As savanas têm histórico de queimadas naturais, mas isso que a gente está vendo aqui hoje não é natural", disse Clarissa Alves da Rosa, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), que monitora na APA o comportamento de populações de mamíferos roedores em meio à mudança climática.

O tenente Albert Lira, do 4º Grupamento de Bombeiros Militar do Pará informou que "a polícia já está em campo". Ele não quis antecipar nenhuma conclusão ou apontar indícios sobre o que aconteceu. "Não podemos precisar o que houve", disse à Agência Brasil.

Lira também evita declarar que a situação está sob controle. "O vento ainda pode levar o fogo", disse ao descrever que no final da tarde ainda havia três focos de incêndio que estavam diminuindo.

Não há registro de pessoas feridas e nem de casas atingidas nos 10 quilômetros quadrados onde houve o incêndio. O balneário turístico de Alter do Chão está separado, pelo Lago Verde, da área que sofre com o fogo. "Não tem risco ali", garante o tenente.

Lei e Ordem

O primeiro foco de incêndio foi visto no sábado (14), em área de mata conhecida como Capadócia, entre as localidades de Ponta de Pedras e a vila de Alter do Chão. No domingo, segundo os bombeiros, foram identificados sete novos focos.

Desses, três focos ainda permaneciam na manhã desta segunda-feira (16). O avanço da temperatura ao longo do dia, em época de estiagem, somado ao vento e a vegetação fina e rasteia, favoreceu o aparecimento de mais três focos de incêndio hoje.

Conforme o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), não deve chover em breve. "Os modelos de previsão numérica de tempo do CPTEC [Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos] não indicam chuva nos próximos dias", diz nota encaminha à reportagem.

No domingo à noite, o governador do Pará Helder Barbalho solicitou ao governo federal apoio, por meio de operação de Garantia de Lei e Ordem (GLO), para o controle das queimadas. De acordo com o Ministério da Defesa, 115 militares do 8º Batalhão de Engenharia de Construção (BEC) do Exército, que funciona em Santarém (PA), foram deslocados para Alter do Chão.

Conforme o governo paraense, 227 homens estão trabalhando para conter o fogo no local. Além dos militares do Exército, há homens do Corpo de Bombeiros, da Polícia Militar, do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), e brigadistas voluntários treinados.

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