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Polícia identifica 18 estudantes em agenda de fraudador do Enem

Os valores pagos pelos candidatos iam de R$ 150 mil a R$ 450 mil

Enem: venda de vagas do Enem foi descoberta pela Operação Porta Fechada (Suami Dias/ GOVBA/Reprodução)

Enem: venda de vagas do Enem foi descoberta pela Operação Porta Fechada (Suami Dias/ GOVBA/Reprodução)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 4 de novembro de 2017 às 11h42.

São Paulo - A Polícia Civil de Goiás apreendeu a agenda de Antônio Carlos da Silva Francisco, suspeito de vender vagas em concursos e preso na terceira fase da Operação Porta Fechada, com uma relação de 18 candidatos que tentaram fraudar o Enem 2016. A ação deflagrada na segunda-feira, 30, capturou outros sete aliciadores de candidatos dispostos a comprar provas.

As anotações manuscritas preenchem 10 páginas da agenda e têm o título "Relação candidatos". Os candidatos receberam números de 1 a 18. Da relação, cinco conseguiram a aprovação com a fraude.

Sob cada nome, a agenda contém anotações com o número do CPF, a pontuação ligada ao Enem, um número de inscrição e uma senha. A senha de um aluno era "halls preto".

Segundo os investigadores, o documento revela a ousadia do grupo - ao lado do nome de alguns candidatos, a agenda traz cálculos sobre a quantidade de pontos necessários para aprovação.

A anotação referente ao estudante identificado pelo número 17 indica "Pontos 802,54". "813,2 + 746,4 + 757,8 + 975,3 - Redação 720".

A agenda indica ainda cidades de outros Estados. Associado à aluna número 1 está o município de São José do Rio Preto e à aluna número 2, Agudos, ambos os municípios situados no interior de São Paulo.

A venda de vagas do Enem foi descoberta pela Operação Porta Fechada em meio à investigação sobre fraudes no concurso para delegados.

A nova fase da operação identificou que os 13 primeiros colocados na prova objetiva para delegados foram aprovados mediante a compra de suas vagas.

Os valores pagos pelos candidatos iam de R$ 150 mil a R$ 450 mil. A quantia dependia "do bolso da pessoa", diz a Polícia.

Parte dos alvos da Porta Fechada, segundo a Polícia, era formada por aliciadores que "identificavam possíveis compradores de vagas".

A Polícia afirma que os aliciadores usaram o ex-funcionário do Cebraspe (Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos - órgão vinculado à UnB) Ricardo Nascimento da Silva para fraudar concursos - ele foi preso.

O compradores de vaga entregavam as folhas respostas em branco ou com apenas poucas questões preenchidas. No dia seguinte à aplicação da prova o funcionário do Cebraspe pegava os cartões respostas, preenchia o documento durante a noite, quando já era possível acessar os gabaritos na área do candidato, e os devolvia para digitalização e conferência de erros e acertos.

De acordo com a Polícia, em 6 de fevereiro, Ricardo Nascimento da Silva pegou os cartões respostas, ao menos, de 16 candidatos que haviam entregue os papeis praticamente em branco por orientação do esquema. Após o preenchimento de 13 desses cartões respostas, Ricardo os devolveu ao Cebraspe no dia seguinte, para digitalização e conferência de erros e acertos.

Os outros três cartões respostas, segundo a Polícia, não foram preenchidos por desacordo quanto ao pagamento entre aliciadores e candidatos, motivo pelo qual estes não foram aprovados.

A reportagem não conseguiu contato com Antonio Carlos Francisco. O espaço está aberto para manifestação.

Outro lado

O advogado Marcus Vinicius Figueiredo, que defende o Cebraspe, informou que o órgão tem atuado junto a Polícia Civil desde o início das investigações. Segundo o defensor, o Centro entregou documentação e filmagens à Polícia.

Figueiredo declarou que o Ricardo Nascimento Silva não é funcionário do Cebraspe desde março. O advogado afirmou que o ex-funcionário foi desligado por quebra de padrão de comportamento.

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