Brasil

Polícia Federal aponta propina a Funaro no Rodoanel de SP

Funaro é apontado como operador político do MDB da Câmara e, segundo a PF, teria dividido o dinheiro com Eduardo Cunha

PF apontou em seu relatório final da Operação Cui Bono? que o Grupo Bertin pagou R$57,3 milhões em propina ao doleiro Lúcio Funaro entre 2013 e 2015 (OAS/Divulgação)

PF apontou em seu relatório final da Operação Cui Bono? que o Grupo Bertin pagou R$57,3 milhões em propina ao doleiro Lúcio Funaro entre 2013 e 2015 (OAS/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 15 de junho de 2018 às 11h29.

Brasília - A Polícia Federal (PF) apontou em seu relatório final da Operação Cui Bono? que o Grupo Bertin pagou R$57,3 milhões em propina ao doleiro Lúcio Funaro entre 2013 e 2015 para obter empréstimo de R$2 bilhões da Caixa Econômica Federal para construir o trecho leste do Rodoanel, em São Paulo. Funaro é apontado como operador político do MDB da Câmara e, segundo a PF, teria dividido o dinheiro com o deputado federal cassado Eduardo Cunha e com o vice-presidente do banco à época Geddel Vieira Lima. Ambos estão presos.

Segundo a PF, o trio agiu para facilitar a liberação de recursos da Caixa para a SPMar, concessionária de rodovias do Grupo Bertin responsável pela construção do trecho leste e administração do trecho sul do Rodoanel. A obra foi iniciada em 2011 e concluída em 2015. A partir da colaboração premiada de Funaro, a PF obteve planilhas e notas fiscais que indicam 63 transações feitas pela Contern, construtora da Bertin que executou a obra, para duas empresas do doleiro entre 2013 e 2015.

O histórico de pagamentos mostra que o Grupo Bertin pagou para Funaro até 2,9% sobre cada valor liberado pela Caixa à SPMar. No dia 28 de março de 2013, por exemplo, foram liberados R$ 340 milhões para a concessionária, que teria pago comissão de R$ 8,16 milhões ao doleiro. Segundo Funaro, ele ficava com 20% do valor, enquanto que 50% era repassado para Geddel e 30% para Cunha.

Deflagrada em janeiro de 2017, a Cui Bono investigou irregularidades cometidas na vice-presidência de Pessoa Jurídica da Caixa entre 2011 e 2013, período em que foi comandada por Geddel. A investigação teve origem na análise de conversas registradas em um celular apreendido na casa de Cunha e foi concluída neste mês com 16 pessoas indiciadas por corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, organização criminosa e obstrução de Justiça. Entre os indiciados estão os irmãos e sócios do Grupo Bertin, Natalino, Reinaldo e Silmar Bertin.

Em 2016, a força-tarefa da Lava Jato já havia identificado pagamentos de R$ 6,2 milhões da SPMar para uma empresa do operador Adir Assad, acusado de lavar dinheiro em obras de São Paulo. O caso é investigado pelo Ministério Público Estadual. Além do trecho leste, também são alvos da Lava Jato as obras dos trechos sul e norte do Rodoanel, nas quais empreiteiras denunciaram pagamentos a agentes públicos, como os ex-diretores da Dersa Paulo Vieira de Souza e Mário Rodrigues Júnior, e políticos do PSDB.

Defesa

Em nota, a concessionária SPMar afirmou que "as empresas da família Bertin só poderão se manifestar após conhecer, de fato, o teor do referido relatório da Polícia Federal" e que "se mantêm à disposição das autoridades para prestar eventuais esclarecimentos".

Já a Caixa afirmou que as denúncias "são objeto de apurações internas que correm sob sigilo". O banco também afirmou que "está em contato permanente com as autoridades, prestando irrestrita colaboração com as investigações".

A Agência Reguladora de Transportes de São Paulo (Artesp), que fiscaliza as concessões rodoviárias, afirmou que "a SPMar vem cumprindo com suas obrigações contratuais" e que "a obtenção dos recursos para realizar seus investimentos e compromissos é de competência das concessionárias junto aos seus investidores e financiadores não havendo participação da Artesp nesse processo".

A defesa de Funaro informou que ele "continuará colaborando de modo efetivo com as autoridades". As defesas de Eduardo Cunha e Geddel Vieira Lima não se manifestaram. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:Eduardo CunhaPolícia FederalRodoanel

Mais de Brasil

Ministério da Gestão convoca reunião para discutir publicidade de convênios do governo federal

'Não vamos tolerar excessos', diz Tarcísio, após casos de violência da PM

Câmara instala comissão para analisar projeto que regulamenta Inteligência Artificial no Brasil

Cleitinho diz que errou ao pedir mensagem da influenciadora Virgínia para a filha