Marielle: a vereadora e seu motorista foram mortos em março deste ano (Renan Olaz/CMRJ/Divulgação)
Clara Cerioni
Publicado em 13 de dezembro de 2018 às 12h30.
Última atualização em 13 de dezembro de 2018 às 13h12.
São Paulo - O departamento da Divisão de Homicídios da Polícia Civil do Rio de Janeiro cumpre nesta quinta-feira (13) mandados de prisão e de busca e apreensão relacionados às mortes da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.
Os agentes estão em 15 endereços espalhados por vários lugares do Rio e fora do estado. Os alvos são milicianos.
As buscas acontecem em vários pontos da capital fluminense e nas cidades de Nova Iguaçu, Angra dos Reis, Petrópolis e Juiz de Fora, esta última em Minas Gerais.
De acordo com a TV Globo, os mandados são referentes a um inquérito à parte, mas segundo o delegado Giniton Lages, que coordena as investigações do caso Marielle, eles têm ligação com os assassinatos.
Investigadores afirmam que outros núcleos estão sendo observados, mas ainda não é seguro realizar essas prisões, uma vez que isso pode obstruir o restante da investigação.
Apesar da importância da operação desta quinta-feira, há inúmeros pontos sem respostas, como por exemplo, quem realizou os disparos contra Marielle.
Quinta vereadora mais votada nas eleições municipais de 2016, Marielle Franco, 38 anos, foi morta na noite de 14 de março desse ano, no bairro de Estácio, no Rio de Janeiro.
Ela estava no carro quando foi atingida por disparos. Seu motorista Anderson Gomes também morreu no ataque. Nesta sexta-feira, os assassinatos completam nove meses.
Sua assessora, no banco do passageiro, sobreviveu. As trajetórias das balas e a precisão indicam que os criminosos sabiam onde Marielle estava sentada e visavam a vereadora. A hipótese de um assalto ou latrocínio foi descartada.
Marielle atuava defendendo os direitos humanos e os direitos das mulheres, dos negros e das pessoas LGBTI.
Também denunciava os abusos e crimes cometidos por policiais e outros agentes do estado nas comunidades cariocas.
As investigações iniciais do caso indicaram que o crime foi cuidadosamente planejado e que pode ter contado com o envolvimento de agentes do estado e das forças de segurança. As principais suspeitas apontam para os milicianos cariocas.
Um ponto que pode ajudar a entender a demora na solução do crime é a suspeita de que forças que estariam agindo para impedir as investigações.
No começo de novembro, o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, anunciou que a Polícia Federal investigaria a existência de um grupo criminoso que estaria agindo para atrapalhar e impedir as investigações do crime.
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, foi quem pediu a investigação, a partir do depoimento de duas pessoas que estariam ligadas ao crime.
Segundo o jornal O Globo, uma dessas testemunhas seria o ex-policial militar Orlando de Oliveira Araújo, atualmente preso no Rio Grande do Norte.
Ele teria dito em depoimento que não tinha nada a ver com as mortes, mas que sabia que a Polícia Civil do Rio não tinha interesse em investigar o caso e que havia pagamento de dinheiro a agentes públicos para impedir as investigações.
(Com Estadão Conteúdo)