Rocinha: por enquanto "a comunidade está em aparente normalidade" (Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)
Agência Brasil
Publicado em 18 de setembro de 2017 às 16h46.
Em operação hoje (18) na Rocinha, a Polícia Militar prendeu três pessoas e apreendeu duas granadas e roupas do Exército e de fuzileiros navais.
Três moradores foram feridos, um deles foi levado para o Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea, zona sul do Rio de Janeiro, e dois para o Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Bara da Tijuca, zona oeste.
De acordo com a PM, também foram encontrados dois corpos carbonizados, já recolhidos pela Delegacia de Homicídios.
No início da manhã, um homem baleado em confronto foi levado para o Hospital Municipal Miguel Couto, mas não resistiu aos ferimentos, segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Com ele, foi apreendida uma pistola calibre 9 mm.
A operação começou às 4h30, com participação das unidades do Comando de Operações Especiais (COE), dos batalhões de Operações Especiais (Bope), Choque, Ação com Cães (BAC) e do Grupamento Aeromóvel (GAM).
Segundo a PM, o objetivo foi "identificar e prender os criminosos envolvidos na disputa do tráfico de drogas local". "Após a entrada da Polícia Militar, e estabilização do terreno, agentes da Polícia Civil irão cumprir mandados de prisão na Rocinha", informou a corporação.
A operação ocorreu após confronto entre criminosos de uma mesma facção deixarem pelo menos um morto na Rocinha, ontem (17).
Segundo o porta-voz da Polícia Militar, Ivan Blaz, o serviço de inteligência da corporação estava monitorando possível invasão de território para retomada do controle do tráfico de drogas na comunidade, mas não foi possível identificar o dia em que ocorreria a ação, que poderia evitar o confronto de ontem.
De acordo com o delegado da Polícia Civil Antônio Ricardo, titular da 11ª DP, as investigações levam à tentativa de retomada do território pela ex-liderança do tráfico local, Antônio Bonfim, derrubado por Rogério Avelino, que estaria escondido na parte alta da Rocinha, segundo informações apuradas pela polícia. O delegado considera que a ação de hoje obteve sucesso.
"As providências tomadas foram o suficiente, tanto que a quadrilha rival não conseguiu invadir. Com a intervenção da Polícia Militar, eles conseguiram rechaçar a entrada desses marginais. Então, acredito que foi uma intervenção bem proveitosa. Nós tínhamos informação não confirmada, repassada pelo setor de inteligência e, em cima desses informes, a PM adotou a estratégia, que na nossa opinião foi exitosa".
Segundo o delegado, por enquanto "a comunidade está em aparente normalidade, com ocupação por parte as forças especiais e as prisões e apreensões vão ocorrer no decorrer do dia".
O balanço final divulgado pelo twitter da PM contabiliza a apreensão de três pistolas, sendo duas 9 mm e uma 40mm, 320 sacolés de maconha, 120 sacolés de crack, 80 pinos de cocaína, 1,5 quilos de maconha em tablete, quatro vidros com lança-perfume, um rádio transmissor, duas granadas, duas gandolas, uma calça do Exército e uma bermuda camuflada.
Segundo a Secretaria Municipal de Educação, um total de oito escolas, seis creches e um Espaço de Desenvolvimento Infantil (EDI) não funcionaram hoje por causa de confrontos em comunidades, deixando 4.441 alunos sem aulas.
Os locais afetados são a Comunidade do Juramento, em Vicente de Carvalho, e Serrinha, em Madureira, ambas na zona norte; e Vila Canoas, em São Conrado e Vidigal, além da Rocinha, na zona sul.
A Secretaria Municipal de Saúde informou que a Unidade de Pronto Atendimento (UPA), o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), o centro de saúde e duas clínicas da família localizadas na Rocinha não estão funcionando hoje "devido à situação do território".
"Os moradores da região que necessitem de atendimento poderão se dirigir à Coordenação de Emergência Regional (CER) Leblon, ao Centro Municipal de Saúde Píndaro de Carvalho Rodrigues, na Gávea, e ao Centro de Atenção Psicossocial Franco Basaglia, em Botafogo", informou a secretaria.