Marielle: a vereadora foi assassinada na noite desta quarta-feira, no centro do Rio de Janeiro (Ricardo Moraes/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 15 de março de 2018 às 12h56.
Última atualização em 16 de março de 2018 às 07h30.
Rio - O chefe da Polícia Civil do Estado do Rio, Rivaldo Barbosa, disse nesta quinta-feira, 15, que o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) "atenta contra a democracia". Ele não quis confirmar a hipótese de execução alegando sigilo nas investigações, mas afirmou que a polícia "não descarta nenhuma possibilidade". A Polícia Federal ofereceu ajuda nas investigações, mas o chefe da Polícia Civil disse que a instituição tem todas as condições de resolver o caso. A PGR abriu uma investigação para federalizar o caso.
Barbosa recebeu em seu gabinete o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) e os delegados Fábio Cardoso, que está assumindo a direção das Delegacias de Homicídio, e Gineton Lages, que agora é titular da Delegacia de Homicídios da Capital.
"É um caso extremamente grave, que atenta contra a dignidade da pessoa humana e que atenta contra a democracia", disse Barbosa. "Nós temos nossos protocolos estabelecidos. Quem quiser nos ajudar, receberemos a ajuda, de qualquer instituição. Entretanto, quero dizer que a Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro tem capacidade para resolver esse caso."
Marcelo Freixo disse que a morte de Marielle, que defendia o direito de minorias, "não é aceitável em lugar nenhum do mundo". "O caso da Marielle é de um atentado à democracia. É bom deixar claro isso. Não significa que a vida da Marielle valesse mais do que a vida de qualquer pessoa, não é nada disso. Quem matou a Marielle matou a possibilidade de uma mulher negra, que nasceu na favela da Maré, que era feminista, de estar na política. E isso não é aceitável em lugar nenhum do mundo", sustentou.
Freixo também criticou quem diz que os defensores dos direitos humanos defendem bandidos ou atacam a polícia. "É importante que se diga isso: o trabalho da Comissão de Direitos Humanos não é um trabalho contra a polícia", afirmou. "Denunciar policiais que cometem crimes não é um trabalho contra a polícia."
Freixo voltou a afirmar que Marielle Franco não vinha sofrendo ameaças. Ele disse ainda que as denúncias que ela vinha fazendo sobre abusos de policiais militares não tinha nenhum nome específico. E repetiu: "A gente não pode achar que polícia se mistura com o crime, e nem que direitos humanos defende bandido. Ninguém ganha com isso".
*Atualizado às 16h11 para um título mais preciso.