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Polarização impõe desafio a Ciro, Alckmin e Marina na reta final

Ciro, Alckmin e Marina terão 14 dias para reverter movimento de coesão dos antipetistas em torno de Bolsonaro e dos lulistas/petistas em torno de Haddad.

OS CANDIDATOS:  a menos de um mês do primeiro turno, presidenciáveis correm para reverter tendências de queda, conquistar novas parcelas do eleitorado ou, simplesmente, manter os votos que já têm / REUTERS/Nacho Doce/Paulo Whitaker/Leonardo Benassatto/Adriano Machado (Nacho Doce/Paulo Whitaker/Leonardo Benassatto/Adriano Machado/Reuters)

OS CANDIDATOS: a menos de um mês do primeiro turno, presidenciáveis correm para reverter tendências de queda, conquistar novas parcelas do eleitorado ou, simplesmente, manter os votos que já têm / REUTERS/Nacho Doce/Paulo Whitaker/Leonardo Benassatto/Adriano Machado (Nacho Doce/Paulo Whitaker/Leonardo Benassatto/Adriano Machado/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 23 de setembro de 2018 às 13h45.

São Paulo - A duas semanas da votação em primeiro turno, a campanha presidencial segue uma tendência que representa um desafio às candidaturas que podem despontar como uma terceira via à polarização entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT). A análise das pesquisas mostra que, se quiserem se cacifar como uma terceira via, os candidatos situados no bloco intermediário das intenções de voto - Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Silva (Rede) - terão 14 dias para reverter o movimento atual que está sendo impulsionado pela coesão do eleitorado antipetista em torno de Bolsonaro e do lulista/petista em torno de Haddad.

Este cenário tem moldado as estratégias das campanhas que ainda lutam para chegar ao segundo turno da eleição. O foco da campanha de Ciro será insistir em apresentá-lo como um nome de terceira via, capaz de quebrar aquilo que o próprio candidato tem chamado de "polarização odienta".

Os marqueteiros de Alckmin não indicam que vão alterar a estratégia agressiva em busca do voto útil. Produziram comerciais que apelam para o medo de uma polarização PSL-PT e pregam que os demais postulantes do campo da centro-direita "não são competitivos".

Após perder uma camada significativa de intenções de voto com o crescimento de Haddad nas pesquisas, Marina mira no eleitorado negro, pobre, de baixa escolaridade e, principalmente, nas mulheres - sua principal base de votos, mas que encolheu nas pesquisas mais recentes. Nas últimas semanas, a candidata da Rede também adotou um tom mais propositivo.

Até o momento, a série de quatro pesquisas Ibope/Estado/TV Globo indica dificuldades para a viabilização de uma terceira via. Os candidatos do PSL e do PT são os dois únicos que ganharam terreno em todos os levantamentos. Os demais oscilaram ou caíram.

Há uma quantidade razoável de eleitores "volúveis", que admitem probabilidade "alta" ou "muito alta" de mudar de voto para evitar a vitória de um candidato do qual não gostam. Os volúveis são um terço do total.

Mas esse cálculo político não alteraria a opção daqueles que veem seu candidato como favorito. Nove em cada dez eleitores de Bolsonaro acham que ele vai vencer, segundo o Ibope. E seis em cada dez apoiadores de Haddad consideram que o petista é quem subirá a rampa do Palácio do Planalto em 2019.

Restam então os eleitores volúveis de Alckmin, Marina e Ciro. Na remota hipótese de o tucano virar depositário da totalidade dos votos volúveis dos outros dois e dos chamados "nanicos", além de manter todos os seus próprios simpatizantes não convictos, Alckmin subiria de 7% para 14% - taxa insuficiente para assumir o segundo lugar na corrida.

Na hipótese de Ciro herdar os volúveis de Alckmin e Marina, ele passaria de 11% para 16% - e ainda ficaria abaixo dos 19% de Haddad. No caso da candidata da Rede, um rearranjo nesse sentido a deixaria com 14%.

Ou seja, a viabilidade de um candidato de "terceira via" depende, acima de tudo, de uma eventual queda de Bolsonaro ou de Haddad, ou de ambos.

Para o cientista político Oswaldo Amaral, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), resta a Alckmin, por exemplo, recuperar eleitores antipetistas - segmento de 30% do eleitorado.

"Por mais paradoxal que seja, a campanha do Alckmin deve torcer para a próxima pesquisa mostrar que o Haddad estar na frente do Bolsonaro de três a quatro pontos no segundo turno. Isso vai dar força para o discurso dele (de que o voto no candidato do PSL representa um passaporte para a volta dos petistas ao poder) dessa etapa final de primeiro turno de se posicionar como candidato competitivo e único capaz de derrotar o PT", disse Amaral, que dirige o Centro de Estudos de Opinião Pública (Cesop), na Unicamp.

A campanha tucana trabalha com a crença de que o candidato do PT já tem vaga garantida no segundo turno. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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