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"Poderiam ter comprado em outubro", diz Doria sobre vacinas da Pfizer do governo federal

O anúncio da compra de 14 milhões de doses da vacina da Pfizer foi feito nesta manhã pelo ministro Paulo Guedes. O contrato ainda não foi assinado

João Doria, governador de SP: o estado tentou negociar a compra de doses com a Pfizer, mas não revela como estão as tratativas neste momento (Amanda Perobelli/Reuters)

João Doria, governador de SP: o estado tentou negociar a compra de doses com a Pfizer, mas não revela como estão as tratativas neste momento (Amanda Perobelli/Reuters)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 8 de março de 2021 às 15h34.

Última atualização em 8 de março de 2021 às 19h32.

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), comentou nesta segunda-feira, 8, a compra de vacinas da Pfizer anunciada pelo governo federal. Doria criticou o que classificou como demora no acordo com a farmacêutica americana.

O acordo do governo federal com a Pfizer prevê 14 milhões de doses, sendo duas milhões de entregues em maio e sete milhões em junho. "Poderiam ter comprado em outubro, quando a Pfizer fez a oferta", rebateu Doria.

A declaração foi feita em entrevista coletiva do governador, em que anunciou a abertura de novos leitos de UTI em São Paulo e a entrega de um novo lote de 1,7 milhão do doses da Coronavac ao Ministério da Saúde. O governo paulista também comunicou hoje que os idosos de 75 e 76 anos no estado passarão a ser vacinados a partir da próxima segunda-feira, 15 de março.

O Ministério da Economia havia anunciado horas antes a compra das vacinas da Pfizer, após ter recusado um lote de 70 milhões de doses no ano passado por termos do contrato nos quais a fabricante não se responsabilizava por eventuais complicações da vacina. O termo, segundo especialistas, é típico dos contratos.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, participou hoje de reunião do presidente Jair Bolsonaro e ministros com a cúpula mundial do laboratório no Palácio do Planalto, na qual, pelas palavras de Guedes, houve um acerto para que a Pfizer aumentasse a oferta de imunizantes para o Brasil. A assinatura do contrato, entretanto, ainda não foi formalizada.

São Paulo sabidamente tentou comprar vacinas da Pfizer em outras oportunidades, mas a farmacêutica tentava negociar com o governo federal e, segundo a revista Piauí, ouviu que teria problemas em Brasília caso negociasse com São Paulo.

O governo paulista não confirmou como estão as tratativas com a Pfizer no momento. "O governo do estado de São Paulo faz tratativas com várias empresas, mas nós temos um termo de confidencialidade. [...] Mas essa tratativa está ocorrendo, porque o objetivo é vacinar mais e mais", disse Gorinchteyn.

Até o momento, a Pfizer é o único laboratório que teve registro definitivo de vacina contra covid-19 autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Vacinas como a Coronavac e a de AstraZeneca/Oxford tiveram autorização emergencial.

Doria disse também que São Paulo tem tentado comprar mais vacinas de outros fornecedores. Quando completar as 100 milhões de doses da Coronavac entregues ao Ministério da Saúde, o estado planeja comprar diretamente mais 20 milhões de doses do Butantan para a vacinação somente da população paulista.

O Butantan entregará as 100 milhões de doses vendidas ao Ministério da Saúde antes do fim de agosto, um mês antes do previsto, no fim de setembro.

O governo de São Paulo diz que o objetivo é vacinar todos os habitantes do estado até o fim do ano.

Para as demais vacinas além da Coronavac, Doria disse que uma das formas é a negociação com a brasileira União Química para a compra da Sputnik V, em consórcio com governadores. No consórcio com os outros estados, São Paulo solicitou 20 milhões de doses, mas Doria disse não saber se a União Química será capaz de atender ao pedido. A coordenação está sendo feita pelo governador do Piauí, Wellington Dias (PT).

Também nesta segunda-feira, Dias e outros governadores se reúnem com o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, pedindo medidas nacionais de combate ao coronavírus. Ao menos seis estados brasileiros têm fila de espera em UTIs.

O Brasil vacinou até agora pouco menos de 4% da população. O país tem usado tanto a Coronavac quanto doses importadas da vacina de AstraZeneca/Oxford.Como a Fundação Oswaldo Cruz ainda não iniciou a produção própria desta última, as 4 milhões de doses da AstraZeneca disponíveis até agora foram compradas já prontas, o que tem atrasado o avanço da vacinação, somado à falta de outras opções de vacinas. A previsão é que a produção própria na Fiocruz comece nas próximas semanas.

(Com Reuters)


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