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PMDB está adotando uma lógica de "ame-o ou deixe-o", diz Renan

O senador foi à reunião da Executiva Nacional da sigla para defender que sejam reconsiderados os pedidos de expulsão de Kátia Abreu e Roberto Requião

Renan Calheiro: "O PMDB se caracterizou sempre como um partido democrático" (Marcelo Camargo/Agência Brasil/Agência Brasil)

Renan Calheiro: "O PMDB se caracterizou sempre como um partido democrático" (Marcelo Camargo/Agência Brasil/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 16 de agosto de 2017 às 15h25.

Brasília - O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) afirmou que o presidente Michel Temer "quer transformar o partido em um puxadinho do governo".

Segundo ele, o comando da legenda tem ameaçado parlamentares que possuem divergências com o Palácio do Planalto.

"O PMDB está adotando uma lógica 'ame-o' ou 'deixe-o', e já tivemos tristes sentimentos com isso no passado", declarou, numa referência ao período da ditadura militar.

Renan foi à reunião da Executiva Nacional da sigla, nesta quarta-feira, 16, para defender que sejam reconsiderados os pedidos de expulsão dos senadores Kátia Abreu (TO) e Roberto Requião (PR), em análise na comissão de ética do PMDB, e a suspensão de deputados do partido que votaram a favor da denúncia contra o presidente Michel Temer, como Jarbas Vasconcelos (PE).

Apesar das críticas, o alagoano negou que tenha intenção de deixar a legenda.

"Tudo isso é novo no PMDB. O PMDB nunca fechou questão, se caracterizou sempre como um partido democrático, então fechar questão nessa hora, suspender deputados, ameaçar senadores, é uma coisa brutal do ponto de vista do partido e da democracia", disse.

Ele lembrou que o senador Romero Jucá (RR) é presidente interino da legenda e questionou a sua legitimidade para aplicar o que considera "maldades" sobre os correligionários.

"Acho muito ruim que Romero (Jucá) se preste a esse papel", alfinetou Renan. Eleito vice-presidente da sigla, Jucá assumiu o comando do partido de forma provisória após Michel Temer se tornar presidente da República, no ano passado.

O senador alagoano defendeu que Jucá convoque o Diretório Nacional para discutir as questões de maneira definitiva. O presidente interino do PMDB, no entanto, garante que não pretende antecipar a eleição.

Um dia após o anúncio da mudança da meta fiscal de R$ 139 bilhões para R$ 159 bilhões, Renan também voltou a criticar a política econômica do governo, que avalia estar errada.

"A política econômica está errada. Vamos fazer a revisão da meta pelo terceiro ano seguido. O (ministro Henrique) Meirelles já anunciou que até 2020 o Brasil vai caminhar no vermelho", comentou o senador.

Fundo público

O senador - que articula nos bastidores a volta do financiamento empresarial de campanha por meio da aprovação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que trata do assunto em tramitação no Senado - avaliou hoje que a criação de um fundo público de R$ 3,6 bilhões, em análise na Câmara dos Deputados, seria uma "excrescência".

"Acho (o fundo público) um horror, porque é irrealizável. Se for aprovado, será muito ruim, ainda mais em um momento em que não se tem dinheiro para programas sociais, investimento, que se corta o Bolsa Família", declarou à imprensa. Renan defende que sejam aprovados em conjunto mecanismos de controle para que haja "total transparência" nas doações feitas pelas empresas.

De acordo com aliados, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), estaria receoso de os deputados aprovarem a criação de um fundo público para bancar as campanhas eleitorais enquanto o Senado discute uma PEC para ressuscitar o financiamento privado.

A preocupação foi exposta pelo presidente da Câmara a líderes partidários durante reunião sobre o assunto em sua residência oficial nesta manhã.

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