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PM que matou camelô em SP cometeu outro crime

Soldado da PM responde a processo por outro homicídio cometido seis meses antes do assassinato do ambulante, também durante abordagem policial


	Polícia Militar de São Paulo: comandante-geral da PM negou que houve despreparo da corporação
 (Wikimedia Commons)

Polícia Militar de São Paulo: comandante-geral da PM negou que houve despreparo da corporação (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 20 de setembro de 2014 às 08h44.

São Paulo - O soldado da Polícia Militar Henrique Dias Bueno de Araújo, preso anteontem após matar o camelô Carlos Augusto Muniz Braga, de 30 anos, na Lapa (zona oeste de São Paulo), responde a processo por outro homicídio cometido seis meses antes do assassinato do ambulante, também durante abordagem policial. Na ocasião, Araújo disparou seis vezes contra um homem que teria reagido à ordem de parada feita pelo soldado e seu companheiro de trabalho.

Segundo informações prestadas pelos policiais no Inquérito Policial Militar aberto para apurar o caso, o homicídio ocorreu quando, durante ronda, Araújo e outro PM avistaram um homem empurrando um carrinho de carga e ordenaram que ele parasse para averiguação.

O homem teria se negado a parar e sacado um facão. Ele ainda tentou fugir, mas, ao ser cercado novamente pelos policiais, foi para cima de Araújo com o objeto. Ainda de acordo com a versão dos policiais, ao ser acuado pelo suspeito, Araújo disparou duas vezes contra as pernas do homem, que, mesmo ferido, continuou indo em direção ao soldado. Nesse momento, Araújo disparou outras quatro vezes.

Dos seis tiros efetuados por Araújo, quatro acertaram a vítima: dois na perna, um no tórax e um na mão. O homem, que nunca foi identificado, morreu no local. A versão de Araújo foi confirmada por uma testemunha, mas o homicídio não foi registrado por nenhuma câmera de segurança da rua. O Inquérito Policial Militar concluiu que não houve conduta irregular do policial na morte do homem, já que o soldado teria agido em legítima defesa. Na Justiça comum, o caso ainda está sendo analisado.

Questionada pelo Estado sobre o outro caso de homicídio cometido por Araújo, a Polícia Militar respondeu que, "por causa da gravidade da ocorrência, à época, o soldado Henrique de Araújo foi inscrito no Programa de Acompanhamento e Apoio ao Policial Militar (PAAPM), no qual cumpriu todas as fases propostas pelos psicólogos e, ao final, foi considerado apto para retomar suas atividades". Porta-voz da Polícia Militar, o tenente-coronel Mauro Lopes afirmou ainda que todos os policiais passam por reciclagem anualmente.

Ontem, a Justiça converteu em preventiva a prisão em flagrante do soldado Araújo pela morte do camelô na Lapa. Ele está no Presídio Militar Romão Gomes.

Em entrevista à Rádio Estadão, o comandante-geral da PM, coronel Benedito Roberto Meira, admitiu que houve erro na ação que resultou na morte do vendedor ambulante. Segundo ele, as primeiras imagens de uma loja deixavam "dúvidas do momento do disparo", mas, ao analisar outros vídeos, o coronel concluiu que o soldado se precipitou e disparou de forma equivocada.

O comandante-geral da PM negou que houve despreparo da corporação e ressaltou que, de todas as polícias militares do País, a que tem "melhor e mais longa formação" é a de São Paulo. "De um universo de 88 mil homens e mulheres, existem profissionais que erram. Não posso falar em despreparo, mas do erro de um policial", disse Meira. O governador Geraldo Alckmin afirmou que é preciso "verificar os procedimentos que foram feitos pelos policiais" e que o caso já está sendo apurado tanto pela Corregedoria da Polícia Militar quanto pelo Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP). Colaborou Ricardo Chapola. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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