Brasil

PM e professores em greve voltam a se enfrentar no Rio

Polícia Militar do Rio voltou a reprimir com truculência professores em greve, menos de dois dias após ter desocupado à força a Câmara

Professores da rede municipal protestam e acampam nos arredores da Câmara de Vereadores, após a retirada de manifestantes que ocupavam o plenário (Fernando Frazão/ABr)

Professores da rede municipal protestam e acampam nos arredores da Câmara de Vereadores, após a retirada de manifestantes que ocupavam o plenário (Fernando Frazão/ABr)

DR

Da Redação

Publicado em 30 de setembro de 2013 às 20h46.

Rio - A Polícia Militar (PM) do Rio voltou nesta segunda-feira, 30, a reprimir com truculência professores em greve, menos de dois dias após ter desocupado à força a Câmara de Vereadores. Com o prédio do Legislativo cercado por policiais, o clima foi tenso durante todo o dia. Apenas funcionários da Casa podiam ultrapassar o cerco. Policiais impediram até mesmo o acesso de jornalistas à Câmara.

Em resposta, professores e alunos que protestavam na Rua Alcindo Guanabara, onde fica um dos portões de acesso, decidiram fazer um cordão de isolamento para barrar a entrada de PMs e funcionários. "Se a educação não passa, ninguém mais passa", gritavam.

Pouco antes das 15 horas, um PM lançou jatos de gás de pimenta contra professores e jornalistas. Ele usava um equipamento que parecia um extintor de incêndio, com forte pressão. A agressão do policial, identificado como Pinto, ocorreu quando ele tentava passar pelos manifestantes. Até mesmo PMs que estavam perto foram parcialmente atingidos.

Um homem levou uma gravata e outros foram agredidos com cassetetes. Durante toda a tarde houve momentos de empurra-empurra e bate-boca entre policiais e manifestantes.

A atriz Leandra Leal juntou-se aos manifestantes para dar apoio aos professores. "No sábado a gente estava aqui depois do Festival do Rio (ocorre na Cinelândia, junto à Câmara) e viu a tropa de Choque, foi realmente uma violência o que aconteceu. Todo mundo ficou indignado e está aqui de novo. Não estou acreditando que fizeram um perímetro (de segurança), isso é uma loucura."

No início da noite, adeptos do grupo Black Bloc chegaram para apoiar os professores. A Avenida Rio Branco foi fechada às 19 horas. Dois manifestantes foram detidos. Vereadores do PV e do PSB foram hostilizados ao deixar o prédio.

Representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) nacional, Wadih Damous, e do Rio, Marcelo Chalreo, criticaram em nota o prefeito Eduardo Paes (PMDB) e a desocupação da Câmara. No texto, assinado até por um ex-secretário do governo Paes (o deputado federal Jorge Bittar, do PT), os signatários afirmaram que o envio do projeto de plano de carreira dos professores ao Legislativo em regime de urgência provocou a ocupação do plenário.

"O funcionamento desse Legislativo com a presença ostensiva de policiamento nesta segunda-feira, inclusive interditando ruas e ferindo o direito de ir e vir, não condiz com as práticas democráticas.", diz a nota.

A PM informou que o cerco foi pedido pela direção da Câmara. Em nota, a Casa já havia agradecido o apoio da PM no processo de desocupação. Na ação, PMs jogaram bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral. O Palácio tinha sido ocupado na quinta-feira, 26, durante votação do plano de cargos e salários da categoria.

Para o prefeito Eduardo Paes (PMDB), a desocupação "foi necessária" e ação da PM foi correta. A votação está prevista para esta terça-feira, 1º, mas poderá ser adiada pela Justiça.

Acompanhe tudo sobre:GrevesPolícia MilitarPolítica no BrasilProtestosProtestos no BrasilViolência policial

Mais de Brasil

Banco Central comunica vazamento de dados de 150 chaves Pix cadastradas na Shopee

Poluição do ar em Brasília cresceu 350 vezes durante incêndio

Bruno Reis tem 63,3% e Geraldo Júnior, 10,7%, em Salvador, aponta pesquisa Futura

Em meio a concessões e de olho em receita, CPTM vai oferecer serviços para empresas