Protesto do Passe Livre em 08/01: na manifestação de hoje, a polícia definiu uma única opção para que os ativistas fizessem o protesto (Rovena Rosa / Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 12 de janeiro de 2016 às 20h11.
São Paulo - A manifestação contra o aumento das tarifas do transporte público coletivo de São Paulo foi dispersada pela Polícia Militar (PM) por volta das 19h30 de hoje (12), mesmo antes de começar a se deslocar em passeata.
Desde as 17h, os manifestantes se concentravam na Praça do Ciclista, localizada na Avenida Paulista. Eles pretendiam seguir até o Largo da Batata, na zona oeste, passando pelas avenidas Rebouças e Faria Lima.
No entanto, o policiamento autorizou a manifestação a ser feita apenas em direção ao centro, passando pela Rua da Consolação até a Praça da República.
De acordo com o comando da PM, não haveria negociação com os manifestantes para alteração do percurso definido pela corporação.
Por volta das 19h30, parte dos manifestantes tentou driblar o forte policiamento para seguir em direção ao Largo da Batata, correndo no sentido da Avenida Rebouças, momento em que a polícia começou a disparar bombas de gás lacrimogêneo, de efeito moral, e a bater com cassetetes nos manifestantes.
A polícia passou a disparar também contra a multidão que permanecia na Praça do Ciclista, o que gerou correria.
Os ativistas ficaram encurralados, tendo de um lado policiais da Tropa de Choque disparando bombas e, de outro, um cordão de policiais que impedia a saída dos manifestantes da praça.
A polícia chegou a atirar uma bomba na sacada de um apartamento na Avenida Paulista.
Assim como aconteceu na última manifestação, sexta-feira passada (8), após a ação da polícia, parte dos manifestantes passou a atirar objetos nos policiais, a destruir lixeiras e incendiar objetos na rua.
A ação da polícia de tentar definir o percurso que a manifestação deveria seguir não é comum nas manifestações do Movimento Passe Livre (MPL). Geralmente, os manifestantes fazem uma assembleia e definem o caminho a ser percorrido pela passeata.
O percurso então é informado aos policiais, que passam a seguir os manifestantes na caminhada.
No entanto, na manifestação de hoje, a polícia definiu uma única opção para que os ativistas fizessem o protesto: pela rua da Consolação, com destino à Praça da República.
O professor Pablo Ortellado, da Universidade de São Paulo (USP), que estava na manifestação e estuda os protestos de rua em São Paulo nos últimos anos, disse que esse tipo de ação da polícia foi usado em meados de 2014.
“A polícia definir o caminho da manifestação ocorria nos protestos contra a organização da Copa do Mundo no Brasil”, lembrou Ortellado.
Até o momento, a Secretaria de Segurança Pública, não informou o número de pessoas detidas e feridas durante a ação.