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Plataformas do litoral de SP aderem à greve, diz federação de petroleiros

Em greve desde o dia 1º de fevereiro, o movimento dos petroleiros deste ano contabiliza a adesão de mais de 20 mil trabalhadores

Segundo a FNP, a Petrobras tentou contratar temporariamente ex-funcionários aposentados, mas não obteve sucesso (Dado Galdier/Getty Images)

Segundo a FNP, a Petrobras tentou contratar temporariamente ex-funcionários aposentados, mas não obteve sucesso (Dado Galdier/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 16 de fevereiro de 2020 às 15h45.

Com a adesão, neste domingo, 16, dos trabalhadores da plataforma de Merluza, na bacia de Santos, todas as plataformas da base do litoral paulista estão em greve, informou ao Estadão/Broadcast o coordenador da Federação Nacional do Petroleiros (FNP), Adaedson Costa.

Ele disse não acreditar nas informações da Petrobras de que não está havendo redução de produção por causa do movimento, principalmente por se tratar da produção na região do pré-sal, que vem garantido mais da metade do petróleo extraído pela companhia.

"A produção não para com a greve, mas diminuiu. A Petrobrás mente. Foi assim também em 2015 e depois, no relatório anual, teve que confessar o prejuízo", acusa o sindicalista.

Na sexta-feira, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, afirmou que a estatal não deixou de produzir nenhum barril de petróleo por causa da greve, iniciada no dia 1º de fevereiro, e que a produção permaneceria intacta nas mãos das equipes de contingência e contratações temporárias. A empresa não informa, no entanto, quantas e quais contratações foram feitas e o número de empregados das equipes de contingência.

Em 2015, uma greve que durou 27 dias reduziu em 5% a produção anual de petróleo da companhia, ocasionando um prejuízo de cerca de R$ 300 milhões. Na época, os acionistas já haviam sido alertados de que a Petrobrás não poderia garantir que greves como essas não iriam ocorrer durante futuras negociações, principalmente diante de planos de desinvestimentos.

"Greves, paralisações ou outras formas de agitação laboral na companhia ou nos seus principais fornecedores e empreiteiros podem prejudicar a capacidade de completar grandes projetos e impactar os objetivos de longo prazo da Petrobras", informou a estatal em seu Formulário de Referência 2015.

Na época, a companhia já estimava perder até 12 mil funcionários do Programa de Incentivo ao Desligamento Voluntário (PDV), e que não havia garantia de que a empresa seria "capaz de treinar, qualificar ou reter adequadamente o pessoal de gestão sênior, nem que conseguirá encontrar novos gerentes qualificados, caso haja necessidade. Isto poderá afetar negativamente os resultados operacionais e os negócios da companhia", dizia o documento.

Costa lembra que a empresa tinha 68 mil empregados em 2015 e hoje trabalha com 53 mil, o que afeta ainda mais as operações nos momentos de greve.

Adesão de 20 mil trabalhadores

Segundo a FNP, a Petrobras tentou contratar temporariamente ex-funcionários aposentados, como vem tentando fazer o governo federal em outras estatais, mas não obteve sucesso.

Em greve desde o dia 1º de fevereiro, o movimento dos petroleiros deste ano contabiliza a adesão de mais de 20 mil trabalhadores de 58 plataformas, 11 refinarias, 23 terminais, 7 campos terrestres, 7 termelétricas entre outras unidades, segundo os sindicatos da categoria.

A paralisação foi motivada pelas demissões na fábrica de fertilizantes Fafen-PR e discordância em relação aos desinvestimentos da companhia, além da exigência do cumprimento do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) que segundo os sindicalistas, estariam sendo desrespeitado pela atual gestão.

Merluza era a última no litoral paulista que não tinha aderido. Produtora de gás natural, a unidade é fixa e está instalada a cerca de 180 quilômetros da costa de Praia Grande (SP) e escoa a produção através de um gasoduto de 215 quilômetros de extensão que liga a plataforma até a unidade de gás natural localizada na Refinaria Presidente Bernardes (RPBC), em Cubatão (SP).

Costa avalia que não deverá faltar derivados no mercado pela possibilidade de importação e pelo fraco crescimento da economia. Ele alerta, no entanto, que o movimento não para de crescer e esta semana ganhará mais força com a paralisações dos caminhoneiros.

Em nota, a Petrobras voltou a repetir que "as unidades seguem operando em condições adequadas de segurança, com equipes de contingência formadas por empregados que não aderiram à greve, e contratações temporárias autorizadas pela Justiça. Não há impacto na produção até o momento".

fonte: Estadão Conteudo

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