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Plano da CPI deixa de lado fornecedores da Petrobras

A CPI deve focar as investigações mais em personagens políticos do que em empresas fornecedoras da estatal


	Petrobras: o cronograma de trabalho deve ser votado amanhã 
 (Dado Galdieri/Bloomberg)

Petrobras: o cronograma de trabalho deve ser votado amanhã  (Dado Galdieri/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 2 de junho de 2014 às 21h23.

Brasília - Elaborado com aval do Palácio do Planalto, o plano de trabalho apresentado nesta segunda-feira na CPI mista da Petrobras tem dois objetivos: mirar a oposição, em uma reedição do script seguido pela comissão exclusiva com os senadores; e focar as investigações mais em personagens políticos do que em empresas fornecedoras da Petrobrás.

No domingo, o jornal O Estado de S. Paulo mostrou que está em curso um acordo entre a base aliada e a oposição para poupar fornecedores da estatal que são também financiadores de campanhas eleitorais.

Dos 32 integrantes da comissão, pelo menos 15 receberam doações para suas campanhas nas eleições de 2010 de empresas do porte da OAS e da Camargo Corrêa. Requerimentos para quebrar o sigilo de ambas, por exemplo, serão ignorados.

O cronograma de trabalho que deve ser votado amanhã se baseia em depoimentos de personagens, como o ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa, do doleiro Alberto Youssef e do também ex-diretor Nestor Cerveró.

A proposta do relator da CPI, deputado Marco Maia (PT-RS), é ouvir a presidente da Petrobras, Graça Foster, e o antecessor, José Sergio Gabrielli, mais adiante. Ambos já depuseram na CPI do Senado e na Comissão Externa na Câmara.

"Eles já foram ouvidos exaustivamente e, nesse momento, ouvi-los novamente seria mais do mesmo", destacou Maia durante a reunião.

O roteiro só não foi aprovado hoje porque houve um pedido de vistas coletiva para que os parlamentares avaliassem o teor do texto e retomassem as discussões amanhã, com a aprovação do cronograma e dos primeiros requerimentos.

Oposição

O acordo entre a base e a oposição para blindar os fornecedores da Petrobras, porém, não se estende ao aspecto político.

Nesse sentido, a base quer aproveitar a maioria governista para destacar denúncias de superfaturamento sob a gestão do ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso, além de elencar irregularidades no Porto de Suape, num ataque a Eduardo Campos (PSB), adversário da presidente Dilma Rousseff nas urnas.

As referências à oposição aparecem em três dos quatro eixos de investigação do roteiro. No primeiro deles, referente à compra da refinaria de Pasadena, o relator propõe investigar o fato de a Petrobras, em 2001, ter promovido uma troca de ativos com a companhia íbero-argentina Repsol YPF para conseguir o controle da refinaria de Bahia Blanca, no país vizinho.

A suspeita é de que a operação tenha causado um prejuízo de US$ 2,5 bilhões à Petrobras e é alvo de um processo no Superior Tribunal de Justiça. Em relação a Pasadena, ativo que a própria Petrobras reconhece ter perdido US$ 530 milhões com a operação, não há qualquer menção.

No eixo referente à segurança das plataformas, trechos dos planos de trabalho das duas CPIs chegam a ser copiados integralmente.

"Em 2001, por exemplo, o Brasil assistiu atônito ao naufrágio da plataforma P-36, no campo do Roncador, Bacia de Campos, a 130 quilômetros da costa do Rio de Janeiro", registram os documentos.

Eles citam que a tragédia tirou a vida de 11 trabalhadores e um custo para a estatal de US$ 2,2 bilhões. No caso das obras de construção da refinaria de Abreu e Lima, o terceiro eixo, o relatório de ambos quer também investigar as obras de interligação entre ela e o píer do Porto de Suape, suspeita de ter irregularidades na época em que Campos era o governador de Pernambuco.

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