Brasil

Siemens é suspeita de pagar propina a grupo de Jefferson

A Siemens acertou o pagamento de R$ 150 mil em propina ao grupo do ex-deputado Roberto Jefferson, indica documento da ação penal sobre corrupção nos Correios


	O ex-deputado Roberto Jefferson, do PTB: Naquela época, Jefferson controlava politicamente os Correios
 (Oscar Cabral)

O ex-deputado Roberto Jefferson, do PTB: Naquela época, Jefferson controlava politicamente os Correios (Oscar Cabral)

DR

Da Redação

Publicado em 1 de março de 2014 às 10h07.

São Paulo - Planilhas apreendidas em computadores de ex-diretores dos Correios indicam que a multinacional alemã Siemens acertou o pagamento de pelo menos R$ 150 mil em propina ao grupo do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) para obter um contrato com a empresa pública em 2005. Naquela época, Jefferson controlava politicamente os Correios. Foi em meio a suspeitas de que estaria envolvido com desvios na estatal que o então deputado e também presidente do PTB decidiu denunciar o mensalão, esquema de pagamento de parlamentares durante o primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Hoje, Jefferson cumpre pena de 7 anos e 14 dias no Rio de Janeiro por receber dinheiro do mesmo mensalão que delatou.

O contrato dos Correios que envolve a Siemens - que hoje também é alvo de investigações por causa do cartel dos trens que funcionou nos governos tucanos em São Paulo - tinha o valor de R$ 5,3 milhões. Ele foi firmado no governo Lula para fornecimento de sistemas eletrônicos de movimentação e triagem de carga.

As planilhas que indicam o pagamento de propina foram encontradas pela Polícia Federal após apreensão dos computadores do ex-diretor dos Correios Maurício Marinho e de outro assessor da diretoria. Além disso, e-mails apreendidos com lobistas que atuavam na estatal mostraram que o diretor da Siemens Luiz Cox negociou pagamento de "comissão" para obter contrato com os Correios.

Os documentos integram ação penal em que Marinho e Jefferson são réus na Justiça Federal do Distrito Federal. O ex-deputado responde por formação de quadrilha e é acusado de ser "o chefe da estrutura criminosa" que atuava nos Correios e desviava dinheiro para o PTB. Marinho é acusado dos crimes de quadrilha e corrupção.

Procurada nesta sexta-feira (26), a Siemens informou que não comentaria as informações constantes da planilha encontrada no computador de Maurício Marinho. Os Correios afirmaram, em nota, que "as irregularidades em relação à Siemens foram detectadas pelos próprios Correios, por meio de seus mecanismos de fiscalização e controle interno". "Os fatos foram apurados e os responsáveis, punidos", disse a empresa estatal.

O advogado Pinheiro Lemos, defensor do ex-deputado Roberto Jefferson, observou que os autos da ação penal em que o ex-deputado e Maurício Marinho são réus ainda estão "em fase de inquirição de testemunhas, fase de instrução processual". Ele anotou que não tem conhecimento da planilha relativa ao contrato da Siemens. 

Acompanhe tudo sobre:EmpresasEmpresas alemãsempresas-de-tecnologiaMensalãoPartidos políticosPolítica no BrasilSiemens

Mais de Brasil

Advogado de Cid diz que Bolsonaro sabia de plano de matar Lula e Moraes, mas recua

STF forma maioria para manter prisão de Robinho

Reforma Tributária: pedido de benefícios é normal, mas PEC vetou novos setores, diz Eurico Santi