PADILHA E MOREIRA FRANCO: investigados na Operação Lava Jato, os dois ministros são os auxiliares mais próximos do presidente Michel Temer / Marcelo Camargo/Agência Brasil (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 4 de julho de 2017 às 13h39.
Última atualização em 4 de julho de 2017 às 20h00.
Brasília – Com a prisão do ex-ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima, chamado de “mensageiro” pelo empresário Joesley Batista, da JBS, o Palácio do Planalto agora se preocupa com possíveis investidas do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, sobre os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral). Investigados na Operação Lava Jato, eles são os auxiliares mais próximos do presidente Michel Temer.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) pode agora tentar acelerar as apurações contra os dois peemedebistas, na avaliação de assessores do Planalto.
Com isso, a prisão de Geddel na Operação Cui Bono?, um amigo pessoal de Temer há mais de 30 anos, reacendeu a preocupação com a crise política, uma vez que a semana havia começado em um clima mais “tranquilo”, nas palavras de um aliado.
Com as decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), na sexta-feira passada, de devolver as funções parlamentares de Aécio Neves (PSDB-MG) ao Senado e soltar o ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), o Planalto avaliava que poderia se concentrar nas articulações com a base para ter voto suficiente na Câmara para barrar a denúncia por corrupção passiva apresentada por Janot contra Temer. São necessários 342 votos para dar prosseguimento da acusação.
Agora o governo quer evitar que o caso Geddel contamine as negociações na Câmara. Embora aliados tentem minimizar o impacto da prisão, sob a alegação de que não tem relação com o caso JBS, foi com base nos depoimentos de Joesley e também do operador Lúcio Funaro que a prisão preventiva foi decretada.
Em entrevista a Época, o empresário afirmou que Geddel era o “mensageiro” de Temer para tratar de interesses do Grupo J&F e o responsável por averiguar se Funaro e o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ambos presos na Lava Jato, não fariam delação.
Oficialmente, o governo não comentou a prisão de Geddel e lembrou de sua saída em novembro passado, quando foi acusado pelo então ministro da Cultura Marcelo Calero de pressioná-lo a produzir um parecer técnico para viabilizar um empreendimento imobiliário em Salvador em área tombada.
Interlocutores do Planalto, no entanto, já diziam que a prisão do ex-ministro seria um baque para o presidente. Logo depois de tomar conhecimento da prisão de Geddel, auxiliares de Temer não conseguiam disfarçar o desânimo com mais uma notícia negativa para o governo.
Normalidade. Antes da prisão de Geddel em Salvador, Temer anunciara que vai à reunião do G-20, em Hamburgo (Alemanha), na sexta-feira, para mostrar que o “País não pode parar” – o evento é considerado fundamental pelo governo na agenda da retomada da confiança.
Já no Congresso, o líder do governo, André Moura (PSC-SE), disse que o caso Geddel não terá influência na análise da denúncia. “Espero que não tenha nenhum impacto porque o motivo que gerou a prisão não tem nenhum tipo de conexão com a denúncia. Nossos parlamentares têm transmitido a certeza da rejeição da denúncia”, afirmou. Ele, porém, admite que é preciso trabalhar para que a prisão não contamine o ambiente na Câmara.
Já o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), evitou comentar o caso. “Acho que a prisão deve ser o último recurso, mas não conheço o processo, então prefiro não comentar”, disse o senador. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
(Carla Araújo, do Estadão Conteúdo/Exame.com)
*Colaboraram Daiene Cardoso, Thiago Faria e Julia Lindner