Aécio Neves: contra o tucano, Dilma deve insistir que, se ele for eleito, o País entrará em uma grave recessão (REUTERS/Ueslei Marcelino)
Da Redação
Publicado em 2 de maio de 2014 às 10h09.
Brasília - A coordenação da campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff já traçou a estratégia para reagir às críticas dos adversários.
O plano prevê atacar as propostas econômicas do presidente do PSDB, Aécio Neves, e acusar Eduardo Campos (PSB) de ser incoerente, porque agora se posiciona contra o governo ao qual pertenceu até o fim do ano passado.
Contra o tucano, Dilma deve insistir que, se ele for eleito, o País entrará em uma grave recessão.
A ideia é dizer que o PSDB cortará os financiamentos do BNDES, o que causaria desaquecimento na economia, e que Aécio pretende acabar com as desonerações para determinados setores industriais, o que provocaria demissões.
O plano é propagar que o emprego dos brasileiros poderá estar em risco por causa de medidas de austeridade na economia.
A campanha deve enfatizar ainda o argumento de que o projeto econômico do seu concorrente privilegia o mercado.
Especialmente em encontros com empresários, Aécio tem dito que não terá medo de, se eleito, adotar "medidas impopulares" para resolver o que ele considera problemas atuais na economia brasileira.
A petista também já preparou a estratégia para tentar revidar os ataques de Campos.
Tentará demonstrar que suas críticas são incoerentes, pois o PSB integrava o atual governo até o fim do ano passado.
No Palácio do Planalto também já existe o levantamento dos principais investimentos federais das gestões de Dilma e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Pernambuco, governado por Campos nos últimos oito anos.
As ações no Estado nordestino serão o principal mote da propaganda eleitoral de Campos.
Pronunciamento
A estratégia começou a ser colocada em campo nesta semana. Na noite de quarta-feira, 30, em pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV, Dilma fez críticas à oposição que, segundo ela, aposta no "quanto pior, melhor".
Afirmou também que seu governo nunca será do "arrocho salarial" nem da "mão dura contra o trabalhador".
Na fala, ela apresentou ainda outras armas de defesa que serão usadas em sua corrida à reeleição.
Trata-se de minimizar os problemas de sua gestão e se eximir da culpa.
Dilma deu atenção especial àqueles que lhe têm sido caros nesta pré-campanha, como o aumento de preços, o custo da energia e irregularidades na Petrobrás.
"Em alguns períodos do ano, sei que tem ocorrido aumentos localizados de preço, em especial dos alimentos. E esses aumentos causam incômodo às famílias, mas são temporários e, na maioria das vezes, motivados por fatores climáticos", disse.
No mesmo dia, pela manhã, o ministro das Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, em conversa com jornalistas, atacou os adversários nessa linha.
Falou que o pré-candidato do PSB "tem, entre os vários motivos para que ele (Campos) tenha condições de ser candidato, os diversos investimentos federais que foram feitos em Pernambuco".
Sobre Aécio, o ministro preferiu apontar o que considera diferenças em relação à condução da economia.
"Ele (Aécio) disse que não teria medo de adotar medidas impopulares. Eu acho que o governante, de fato, não pode temer medidas difíceis. Mas, quando eu lembro do governo Fernando Henrique (PSDB) e que ele (Aécio) foi líder do PSDB, e que foi presidente da Câmara, quando ocorreram grandes malefícios para os trabalhadores, eu tenho certeza de que, quando ele fala de medidas impopulares, ele sabe do que ele está falando".
Documento do PT com diretrizes do programa de Dilma também afirma que as oposições anunciam medidas "amargas" e "impopulares" caso eleitas.