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Planalto age para esvaziar blocão dos rebeldes

Em troca da participação no segundo mandato de Dilma, a cúpula do PR já dá sinais de que está disposta a negociar com o governo


	Líder do PMDB, deputado Eduardo Cunha: o Planalto joga a isca para isolar Cunha
 (Valter Campanato/Agência Brasil)

Líder do PMDB, deputado Eduardo Cunha: o Planalto joga a isca para isolar Cunha (Valter Campanato/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 11 de novembro de 2014 às 08h54.

Brasília - O governo se prepara para subtrair o apoio de partidos da base aliada ao deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que se lançou candidato à presidência da Câmara com três meses de antecedência.

A estratégia do Palácio do Planalto para desidratar o "blocão" dos rebeldes passa pela composição do novo governo e acenos de mais "diálogo" em 2015.

Em troca da participação no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, a cúpula do PR já dá sinais de que está disposta a negociar com o governo.

O "blocão" que impôs duras derrotas a Dilma em votações na Câmara é hoje formado por cinco partidos (PMDB, PTB, PR, PSC e Solidariedade), mas o Planalto joga a isca para isolar Cunha.

Por enquanto, ministros conversam com deputados aliados e fazem "sondagens" sobre o roteiro para evitar a vitória de Cunha, que é o líder do PMDB na Câmara. A eleição que renovará as presidências da Câmara e do Senado está marcada para fevereiro.

Para desembarcar do projeto pró-Cunha, o PR de Valdemar Costa Neto - condenado no processo do mensalão - faz pressão sobre o governo, com o objetivo de continuar no comando do Ministério dos Transportes.

O PR tenta emplacar ali o senador Antônio Carlos Rodrigues (SP), mas Dilma, até agora, indicou que pretende acabar com "feudos" partidários. O PR ocupa Transportes desde o governo Lula.

Com bom trânsito no PT, Rodrigues é suplente da ministra da Cultura, Marta Suplicy (SP), que deixará o cargo para retornar ao Senado. Se não integrar a nova equipe de Dilma, Rodrigues deverá reassumir a vaga de vereador em São Paulo.

"Não tem problema algum. Aqui eu sou reserva, mas lá sou titular, camisa dez", disse o senador. A portas fechadas, porém, tanto auxiliares de Dilma como dirigentes do PR avaliam que a guerra dos aliados na Câmara só terá trégua quando ela atender aos principais pedidos dos partidos de sua base de sustentação.

"Percebo que a presidente pretende ajudar e quer melhorar o diálogo", afirmou o deputado Lincoln Portela (MG), um dos cotados para assumir a liderança da bancada do PR, no ano que vem.

Embora em situação desfavorável na disputa pela presidência da Câmara, o PT de Dilma também decidiu lançar candidato à vaga. Arlindo Chinaglia (SP) e Marco Maia (RS), dois ex-presidentes da Câmara, Henrique Fontana (RS), líder do governo, e José Guimarães (CE) são os nomes citados para o cargo.

Além de Cunha, o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) também garante que concorrerá à presidência da Câmara. Se o quadro continuar assim, o preferido pelo Planalto para enfrentar Cunha será Chinaglia.

Dilma incumbiu os ministros Ricardo Berzoini (Relações Institucionais) e Aloizio Mercadante (Casa Civil) de dizerem à bancada do PMDB que aceita qualquer outro nome indicado pelos deputados, menos o de Cunha.

Na quinta-feira, a presidente foi questionada sobre a solução para os problemas com o líder do PMDB na Câmara. "Estamos há muito tempo convivendo com o Eduardo Cunha", respondeu ela, fazendo longo silêncio.

Nem mesmo o vice-presidente Michel Temer, sempre muito calmo, escondeu a irritação com o lançamento de Cunha.

"Se tiver um candidato (à presidência da Câmara), ainda que seja do PMDB, que se coloque contra o governo, ele está se colocando contra mim, que sou vice-presidente da República", afirmou Temer.

Apesar dos acenos do Planalto na direção do apoio à candidatura de outro partido da base, contanto que o nome seja capaz de derrotar Cunha, os petistas não creem nessa possibilidade.

"É da tradição da Câmara que o maior partido dirija a Casa. Com essa credencial é natural que o PT submeta um de seus nomes para avaliação da base do governo", disse o deputado Paulo Teixeira (PT-SP). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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