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Piratas tiram o sossego de turistas em Paraty

Conselho de empresários e ONGs recomenda que visitantes evitem dormir nas embarcações, depois de três casos de roubos cometidos com agressão física

A triste novidade do verão de 2012 nas enseadas da cidade histórica é o ataque de ‘piratas’ à noite (Monica Campi/Flickr/Divulgação)

A triste novidade do verão de 2012 nas enseadas da cidade histórica é o ataque de ‘piratas’ à noite (Monica Campi/Flickr/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 6 de fevereiro de 2012 às 22h54.

Última atualização em 1 de julho de 2019 às 12h03.

Rio de Janeiro  - Paraíso de águas calmas do litoral sul do estado do Rio, a meio caminho de São Paulo, Paraty perdeu o sossego. A triste novidade do verão de 2012 nas enseadas da cidade histórica é o ataque de ‘piratas’ à noite, que se aproveitam da vulnerabilidade de turistas e velejadores de fim de semana em embarcações ancoradas fora dos iate clubes e dos atracadouros mais movimentados.

Esse tipo de pernoite, que sempre foi um dos charmes do turismo na região, passou a ser desaconselhado pelo Conselho para o Desenvolvimento Sustentável da Baía da Ilha Grande (Consig) desde que, na semana passada, veio à tona o assalto a um iate de uma família de Ubatuba (SP). Desde então, integrantes do Consig descobriram pelo menos mais dois casos, e há suspeita de que não sejam os únicos.

Todos os três roubos conhecidos até agora apresentam características semelhantes. Além de acontecerem durante a noite, são acompanhados de muita brutalidade. O primeiro caso registrado na polícia aconteceu no dia 21 de janeiro, quando a família de um médico de Ubatuba foi assaltada ao pernoitar dentro de um iate em Paraty. Os passageiros foram torturados durante as quase duas horas em que os assaltantes estiveram no barco. Entre as agressões, alguns ainda sofreram afogamentos. A tática do terror imposta pelos piratas da Costa Verde resulta no medo das vítimas em denunciar. Fora as investigações sobre o caso da família do médico de Ubatuba que levaram a polícia a descobrir os outros dois crimes, ocorridos na noite de réveillon.

“Na alta temporada, Paraty está cheia de lanchas, principalmente do Rio e de São Paulo. Esse fato deixou todos muito inseguros. É uma ameaça muito grande saber que não se pode ter sossego dentro de um barco”, diz o secretário executivo do Consig, Valdir Siqueira. O período de maior movimentação na cidade vai do dia 26 de dezembro até o feriado da semana santa, com ápice em fevereiro. Em Angra dos Reis e Paraty há mais de mil embarcações neste verão, 95% delas dedicadas ao lazer.

Com essa concentração de embarcações, os crimes não eram coisa rara. Mas estavam restritos a pequenos furtos, sem registro de violência física. Os ladrões pegavam botijões de gás ou invadiam um barco para levar um telefone, por exemplo. A mudança na abordagem veio seguida de uma maior quantidade de bens roubados nos iates. Tudo leva a crer que seja um mesmo grupo de piratas atuando nos mares de Paraty. “A polícia descobriu que são casos com características parecidíssimas. Mas só um deles prestou queixa. Todos com muita agressão, e isso é o que mais perturba”, explica Siqueira.

O conselho, formado por empresários e ONGs, tem acompanhado as investigações conduzidas pela Polícia Civil. Uma das medidas tomadas pelo Consig foi pedir ao secretário estadual de Segurança Pública, José Mariano Betrame, reforço na apuração dos casos. “Ficamos preocupados. Nunca houve isso antes”, afirma Siqueira.

O Consig aconselha as pessoas a não pernoitar em barcos. “Como a história veio à tona na semana passada, acredito que todos estejam com pé atrás. Aquele que dormia em seu barco com toda a tranquilidade deve evitar. Acho recomendável não dormir lá”, afirma o secretário executivo.

No réveillon, os dois ataques foram registrados no Saco do Mamanguá e no Saco da Cotia. O Mamanguá, único fiordi brasileiro, é o local onde foram gravadas cenas da série Crepúsculo, em 2010. O roubo à família de Ubatuba foi registrado na Ilha do Cedro.

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