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Pior aprovação de Lula chega próximo à de Bolsonaro, mas é melhor que a de Dilma, Temer e FHC

Com apenas 24% dos eleitores considerando seu governo ótimo ou bom, Lula está dois pontos percentuais acima do pior momento de Bolsonaro com a opinião pública

Lula e a opinião pública: diferente de seus primeiros mandatos, o petista amarga números negativos de aprovação (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Lula e a opinião pública: diferente de seus primeiros mandatos, o petista amarga números negativos de aprovação (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 15 de fevereiro de 2025 às 09h00.

Última atualização em 15 de fevereiro de 2025 às 10h22.

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vive o seu pior momento com a opinião pública em seus mais de 10 anos como presidente do Brasil. A pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira, 14, confirma a tendência observada em outros levantamentos no início de 2025, colocando Lula em um patamar de aprovação próximo ao pior índice registrado por seu principal adversário político, o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Com apenas 24% dos eleitores considerando seu governo ótimo ou bom, Lula está dois pontos percentuais acima do pior momento de Bolsonaro, em setembro de 2021, durante a pandemia de Covid-19. Naquele período, Bolsonaro foi amplamente criticado pela gestão da pandemia, principalmente por posturas contrárias às medidas restritivas e a morosidade na compra de vacinas.

Embora a maior desaprovação de Lula ainda seja inferior à de Bolsonaro, que alcançou 53% de rejeição em dezembro de 2021, os 41% de desaprovação registrados por Lula neste fevereiro de 2025  indicam o impacto das crises enfrentadas pelo governo.

Os dados são resultados de uma severa crise de comunicação da gestão petista, que começou em dezembro, desagradando em primeiro momento os agentes do mercado financeiro, com o anúncio casado de um pacote de cortes de gastos, considerado insuficiente, com a isenção do imposto de renda para quem ganha mais de R$ 5 mil.

A crise, agora, chegou nos recortes historicamente ligados ao petismo, com queda da aprovação entre pessoas que recebem até dois salários mínimos e os moradores do Nordeste. A crise envolvendo a normativa da Receita Federal que determinava maior fiscalização de operações com o Pix e a inflação dos alimentos são as atuais pedras no sapato do governo Lula, que explicam o patamar negativo.

O contraste com o passado é gritante. Nos seus dois primeiros mandatos, Lula se beneficiou de um crescimento econômico robusto e da popularidade dos programas sociais, como o Bolsa Família, alcançando aprovações positivas históricas. Mesmo o turbulento ano de 2005, marcado pelo escândalo do "mensalão", não derrubou sua popularidade abaixo dos 28%.

Hoje, a realidade é bem diferente. Em apenas dois meses, Lula perdeu 11 pontos percentuais de aprovação e "ganhou" sete pontos de desaprovação.

Aprovação mínima de Lula ainda é melhor que de Temer, Dilma e FHC

Apesar da mínima histórica, Lula ainda está mais bem avaliado que as piores pesquisas de Michel Temer, Dilma Rousseff e Fernando Henrique Cardoso.

Em 1999, FHC teve uma aprovação de apenas 13% e o seu pior índice de desaprovação, 56%. Na época, o país enfrentava uma severa crise econômica, com a desvalorização do real após o Banco Central abandonar o regime de câmbio fixo e adotar o regime de câmbio flutuante.

No caso de Temer, o emedebista nunca teve um índice de aprovação elevado, principalmente pelo contexto em que assumiu a presidência. O menor patamar foi 3%. Temer, que era vice de Dilma Rousseff, tornou-se presidente após o impeachment da ex-mandatária. Com o país em uma forte recessão, sua gestão implementou reformas impopulares, como a trabalhista, e cortes de gastos sociais.

Dilma, por sua vez, viu sua aprovação derreter, principalmente na comparação com o seu primeiro mandato, e chegou, em agosto de 2015, a ter 8% de aprovação, com uma avaliação ruim ou péssima de 71%. A crise econômica -- com a alta da inflação e aumento do desemprego --, a crise política e os desdobramentos da Operação Lava Jato são algumas das explicações para os números de Dilma.

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