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PIB pode não ser suficiente para estabilizar crise política

Com o crescimento de 1% do PIB, o presidente decretou o fim da recessão em seu Twitter e tentou vincular o resultado econômico ao seu governo

Temer: o Planalto aposta nos bons resultados da economia para estabilizar a crise política (Ueslei Marcelino/Reuters)

Temer: o Planalto aposta nos bons resultados da economia para estabilizar a crise política (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Reuters

Publicado em 1 de junho de 2017 às 21h49.

Brasília - A notícia do crescimento de 1 ponto percentual do Produto Interno Bruto foi comemorada pelo governo de Michel Temer nesta quinta-feira como um respiro em meio à crise política, mas fontes ouvidas pela Reuters admitem que o fôlego pode não ser suficiente para estabilizar o governo.

Logo cedo, em uma reação orquestrada, os principais ministros governistas divulgaram vídeos nas redes sociais ou notas para a imprensa comemorando o resultado.

O próprio presidente decretou o fim da recessão no país em sua conta no Twitter e tentou vincular o resultado econômico ao seu governo.

"Acabou a recessão! Isso é resultado das medidas que estamos tomando. O Brasil voltou a crescer. E com as reformas vai crescer mais ainda", escreveu o presidente na rede de microblogs.

Mais tarde, em um vídeo divulgado nas redes sociais, Temer voltou à carga.

"O Brasil venceu a recessão, estamos crescendo a uma taxa superior ao que boa parte dos analistas previam", disse.

"Esse número é o resultado de um ano de trabalho. Trabalho do meu governo em sintonia com o Congresso Nacional e ouvindo a sociedade para promover as reformas adiadas por tanto tempo."

O Planalto aposta nos bons resultados da economia para estabilizar a crise política e provar que, mesmo abalado, o presidente ainda é capaz de entregar o que prometeu: a volta do crescimento econômico e a aprovação das reformas.

"Claro que ajuda. O resultado do PIB é um indicativo de que o caminho está certo, mas é enorme", disse o ex-senador José Aníbal (PSDB), presidente do Instituto Teotônio Vilela, que admite ainda haver turbulências no horizonte. "A expectativa é que semana próxima dê um pouco mais de indicação de como as coisas vão andar."

Apesar do tom positivo que o governo tenta imprimir, a próxima semana, quando começa o julgamento da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ainda é encarada como o dia D para o governo. Um resultado negativo, avalia uma fonte, dificilmente será superado com as boas notícias na economia.

"É o dia D do governo. Tudo vai depender do resultado da semana que vem. Se perder, não vai ter como segurar a base", avalia uma fonte palaciana.

Um parlamentar da base compara o governo a um avião com duas turbinas, uma política e outra econômica. A política, diz, deu pane, e a econômica está levando por enquanto.

"Mas o julgamento no TSE pode gerar uma instabilidade muito grande e pode criar uma reação em cadeia, política e econômica. Um resultado adverso seria um péssimo sinal", diz.

Uma segunda fonte palaciana afirma que o governo continua trabalhando e tem se recuperado da crise política, que classifica como "artificial". Admite, no entanto, que pode trazer impactos na própria economia.

"Esse PIB é do primeiro trimestre. Vamos ver como vai ficar o próximo, que pode refletir essa crise", disse.

O TSE é o problema mais próximo, mas não é o único. Um resultado negativo, mesmo que Temer recorra e adie o desfecho, deve aumentar a pressão de parte da base para deixar o governo. O mesmo pode ocorrer se o presidente chegar a ser denunciado no STF.

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