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PGR diz que oficiais do Exército passaram a 'agir concretamente' pelo golpe após resultado eleitoral

Subprocuradora-geral defendeu recebimento de denúncia contra 12 integrantes do 'núcleo 3' da trama golpista

Trama golpista: PGR reforça denúncia contra militares e policial federal acusados de tentar golpe de Estado (José Cruz/Agência Brasil)

Trama golpista: PGR reforça denúncia contra militares e policial federal acusados de tentar golpe de Estado (José Cruz/Agência Brasil)

Agência o Globo
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Publicado em 20 de maio de 2025 às 11h22.

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A subprocuradora-geral da República Cláudia Sampaio Marques defendeu nesta terça-feira que a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) receba a denúncia contra os 12 integrantes do chamado "núcleo 3" da trama golpista. Para Marques, os militares e o policial federal acusados agiram por um golpe de Estado após perceberem que não seria possível reverter o resultado das eleições de 2022.

— Quando se deram conta que nada mais podia ser feito em relação às eleições, que transcorreram dentro dos rigorosos padrões de legalidade, passaram a agir concretamente para a efetivação do golpe de Estado — afirmou a subprocuradora.

Denúncia detalha plano de sequestro e pressão ao Exército

A Primeira Turma do STF está analisando nesta terça a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra 12 pessoas, sendo 11 militares e um policial federal. Segundo a denúncia, reforçada por Marques, esse grupo planejou o sequestro do ministro Alexandre de Moraes, do STF, e pressionou o Alto Comando do Exército a aderir ao plano golpista.

— O núcleo era composto essencialmente por integrantes das forças especiais, que, além de promover ações táticas para convencer e pressionar o Alto Comando do Exército a aderir ao movimento golpista, exerceram relevante papel na execução das estratégias de ruptura do regime democrático, notadamente na parte envolvendo neutralização de autoridades — disse Marques.

Outros acusados e situação processual

O STF já tornou réus outros 21 acusados de participarem da trama golpista, integrantes de outros três núcleos da suposta organização criminosa. Com o julgamento desta terça, só faltará analisar a denúncia contra uma pessoa, o economista Paulo Figueiredo Filho, que mora nos Estados Unidos.

Entre os que estão tendo a denúncia contra si analisada nesta terça está o general da reserva Estevam Theophilo, que era comandante do Comando de Operações Terrestres (Coter). Segundo o procurador-geral da República, Paulo Gonet, ele "aceitou coordenar o emprego das forças terrestres conforme as diretrizes do grupo".

Outro alvo é o policial federal Wladimir Soares. Na semana passada, a Polícia Federal (PF) apresentou ao STF áudios nos quais Soares afirma que estava "preparado para prender" Moraes, que iria "matar meio mundo de gente" e que "não ia ter" a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A defesa de Soares chegou a pedir o adiamento do julgamento, mas Moraes, que é o relator, rejeitou o pedido, alegando que os áudios não fazem parte da denúncia que será analisada.

Ações táticas e monitoramento de autoridades

Segundo a PGR, Soares e os militares Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Bezerra de Azevedo "lideraram ações de campo voltadas ao monitoramento e neutralização de autoridades públicas". Esse grupo teria sido responsável pelo plano chamado de Copa 2022, de monitoramento do ministro do STF.

Outros sete militares foram acusados de "promover ações táticas para convencer e pressionar o Alto Comando do Exército a ultimar o golpe". São eles: Bernardo Romão Correa Netto, Cleverson Ney Magalhães, Fabrício Moreira de Bastos, Márcio Nunes de Resende Júnior, Nilton Diniz Rodrigues, Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros e Ronald Ferreira de Araújo Junior.

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