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PF vê indícios de corrupção passiva no caso Temer e Loures

Os delegados federais pediram mais cinco dias de prazo para encerrar a investigação sobre os crimes de organização criminosa e obstrução da Justiça

Temer: a PF aguarda o término do laudo da perícia no áudio da conversa gravada por Joesley Batista com Temer (Igo Estrela/Stringer/Getty Images)

Temer: a PF aguarda o término do laudo da perícia no áudio da conversa gravada por Joesley Batista com Temer (Igo Estrela/Stringer/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 19 de junho de 2017 às 21h02.

Brasília - No inquérito devolvido nesta segunda-feira, 19, ao Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Federal concluiu que há indícios de materialidade da prática de crime de corrupção passiva pelo presidente Michel Temer e seu ex-assessor Rodrigo Rocha Loures.

Embora tenha concluído essa parte da apuração, os delegados federais pediram mais cinco dias de prazo para encerrar a investigação sobre os crimes de organização criminosa e obstrução da Justiça.

O pedido de dilatação do prazo pela PF tem como objetivo aguardar o término do laudo final da perícia no áudio da conversa gravada pelo empresário Joesley Batista, do grupo J&F, com Temer. A reportagem apurou que a demora na produção do laudo se dá pela má qualidade da gravação.

No caso do crime de corrupção passiva, a reportagem apurou que a conclusão baseou-se na análise das ações controladas - uma delas que flagrou Rocha Loures correndo com uma mala de R$ 500 mil - e em dois laudos produzidos a partir da análise das conversas gravadas entre Loures e o diretor de Relações Institucionais do grupo J&F, Ricardo Saud.

Saud filmou e gravou, no dia 28 de abril deste ano, encontros nos quais acertou e repassou a Rocha Loures a mala dos R$ 500 mil, em um restaurante em São Paulo. Hesitante em pegar o dinheiro naquela ocasião, o peemedebista chegou a sugerir um tal "Edgar" para buscar os valores, já que "todos os outros caminhos estavam congestionados".

Na conversa, Saud ainda questiona se o interposto sugerido por Loures para supostamente receber valores é "o Edgar que trabalha para o presidente". "Bom, se é da confiança do chefe, não tem problema nenhum".

Apesar de tentar indicar outra pessoa para receber os valores, o então deputado federal acabou combinando, no mesmo dia, de pegar a mala de propinas em uma pizzaria indicada por ele, em São Paulo, na rua Pamplona. Saud também filmou o diálogo, em um estacionamento.

O valor seria entregue semanalmente pela JBS ao peemedebista, em benefício de Temer, como foi informado, nas gravações, pelo diretor de Relações Institucionais da holding.

"Eu já tenho 500 mil. E dessa semana tem mais 500. Então você tem um milhão aí. Isso é toda semana. Vê com ele Michel Temer", afirmou Saud a Loures.

Rocha Loures é acusado de exercer influência sobre o preço do gás fornecido pela Petrobras à termelétrica EPE - o valor da propina, supostamente "em benefício de Temer", como relataram executivos da JBS, é correspondente a 5% do lucro que o grupo teria com a manobra.

Em notas anteriores, o Palácio do Planalto negou irregularidades envolvendo o presidente.

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