Brasil

PF vasculha gabinete de secretário de Ciência

A investigação mira o ex-governador de Alagoas Teotônio Vilela Filho (PSDB), de quem Fireman foi secretário de Infraestrutura

PF: o secretário seria o "Fantasma" da planilha de propinas da Odebrecht (Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)

PF: o secretário seria o "Fantasma" da planilha de propinas da Odebrecht (Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 30 de novembro de 2017 às 16h49.

São Paulo - A Polícia Federal fez buscas no gabinete do secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Marco Antonio Fireman, nesta quinta-feira, 30, durante a Operação Caribdis.

A investigação mira o ex-governador de Alagoas Teotônio Vilela Filho (PSDB), de quem Fireman foi secretário de Infraestrutura.

Fireman seria o "Fantasma" da planilha de propinas da Odebrecht, segundo revelou um dos executivos da empreiteira que fechou acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal. O delator, Alexandre Biselli, citou Téo "Bobão", como o ex-governador era identificado na contabilidade do famoso Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht.

Biselli contou que se reuniu com o então secretário de Infraestrutura do governo alagoano, Marco Antonio Fireman, em 2014, para ajustar os detalhes de repasses a Téo "Bobão" que somaram quantia superior a R$ 2 milhões.

O delator disse que Téo "Bobão" ficou "uns vinte minutos fora" da reunião e, nessa hora, "Fantasma" o teria abordado sobre dinheiro para a campanha daquele ano.

Ainda segundo Biselli, "Fantasma" ameaçou tirar contrato da Odebrecht.

A Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos da Saúde, ora chefiada por Fireman, "formula e implementa políticas nacionais de ciência, tecnologia e inovação em saúde, assistência farmacêutica e fomento à pesquisa, desenvolvimento e inovação na área de saúde".

"Também desenvolve métodos e mecanismos para a análise da viabilidade econômico-sanitária de empreendimentos públicos no Complexo Industrial da Saúde, promove a implementação de parcerias público-privadas no desenvolvimento tecnológico e na produção de produtos estratégicos para o país e coordena o processo de incorporação e desincorporação de tecnologias em saúde no âmbito do SUS", diz o site do Ministério da Saúde.

A Operação Caribdis apura fraude a licitação, desvio de verbas públicas (peculato), corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa nos lotes 3 e 4 das obras do Canal do Sertão Alagoano. As irregularidades teriam ocorrido entre 2009 e 2014.

A PF também esteve na casa de Marco Fireman na cidade de Marechal Deodoro, a 35 quilômetros de Maceió.

Segundo a procuradora Renata Ribeiro Baptista, do Ministério Público Federal de Alagoas, havia "quadros caros" no local. O imóvel, afirmou, é "claramente incompatível com o rendimento" de Fireman.

O Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a Polícia Federal a usar provas ligadas às delações premiadas de executivos da Construtora Norberto Odebrecht. Segundo a Polícia Federal, também foram analisados relatórios do Tribunal de Contas da União que apontaram sobrepreço em contrato firmado entre o Governo de Alagoas e a empresa no montante de R$ 33.931.699,46.

Segundo a PF, a investigação apontou a existência de acordo de divisão de lotes da obra com a Construtora OAS.

O material apreendido será encaminhado à Superintendência da PF em Alagoas, para análise. A soma das penas máximas atribuídas aos delitos citados pode chegar a 46 anos de prisão.

Defesa

Em nota, o Ministério da Saúde afirmou: "Agentes da Polícia Federal cumpriram nesta quinta-feira (30) mandado de busca referente a operação Caribdis, de Alagoas, que apura suspeita de irregularidade em obras dos lotes de números 3 e 4 das obras do Canal do Sertão, ambos licitados pelo governo daquele Estado. Os policiais estiveram no gabinete do secretário de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, Marco Fireman, então secretário de Infraestrutura do Estado. Não foram levados documentos ao final da busca e o secretário está à disposição da PF para prestar todos os esclarecimentos."

Acompanhe tudo sobre:Ministério da SaúdePolícia Federal

Mais de Brasil

Governadores do Sul e do Sudeste criticam PEC da Segurança Pública proposta por governo Lula

Leilão de concessão da Nova Raposo recebe quatro propostas

Reeleito em BH, Fuad Noman está internado após sentir fortes dores nas pernas

CNU divulga hoje notas de candidatos reintegrados ao concurso