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PF: Vacarezza mentiu sobre negócios com operador de propinas

O ex-deputado é investigado por supostamente ter recebido propina de US$ 500 mil no âmbito de contrato entre a Petrobras e a empresa Sargent Marine

Cândido Vacarezza: o ex-deputado negou ter tratado de negócios com o operador do PMDB (Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)

Cândido Vacarezza: o ex-deputado negou ter tratado de negócios com o operador do PMDB (Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 18 de agosto de 2017 às 17h30.

São Paulo - Em relatório da Operação Abate, desdobramento da Lava Jato, a Polícia Federal sustenta que o ex-líder dos Governos Lula e Dilma na Câmara, Cândido Vacarezza (ex-PT/SP) mentiu, em depoimento prestado em inquérito no Supremo Tribunal Federal que investigava propinas ao deputado Vander Loubet (PT-MS), sobre suas relações com o lobista Jorge Luz, apontado como operador de propinas do PMDB.

Ao STF, Vacarezza disse ter um relacionamento pessoal com o operador do PMDB, mas que "nunca tratou de negócios".

O ex-parlamentar é investigado por supostamente ter recebido propina de US$ 500 mil no âmbito de contrato entre a Petrobras e a empresa americana Sargent Marine.

Segundo a PF, o encontro, dentro da estatal, ocorreu em meio às negociações.

O negócio da Sargeant Marine com a Petrobras culminou na celebração de doze contratos, entre 2010 e 2013, no valor de aproximadamente US$ 180 milhões.

A empresa fazia fornecimento de asfalto para a estatal e foi citada na delação do ex-diretor de Abastecimento da companhia Paulo Roberto Costa.

Em delação, o ex-diretor da Petrobras afirmou que Jorge Luz que teria intermediado o negócio e ganhou uma comissão.

Segundo a Lava Jato, R$ 400 mil da comissão do lobista estariam acertados para abastecer o PT e Vaccarezza teria atuado pelo partido.

Na casa do ex-parlamentar, foram apreendidos R$ 122 mil em espécie, amarrados em bolos de notas de R$ 100 e R$ 50.

Vaccarezza foi ouvido no âmbito de inquérito no qual Vander Loubet era acusado de receber propinas em troca da manutenção de dirigentes da BR Distribuidora, no âmbito de esquemas ligados ao senador Fernando Collor (PTC-AL).

Ouvido no inquérito, Vaccarezza afirmou "QUE conheceu o empresário Jorge Luz em um evento social em Brasília, provavelmente em período um pouco anterior a sua indicação como líder do Governo; QUE na ocasião conversaram amenidades e Jorge Luz entregou um cartão ao declarante; QUE com o decorrer do tempo passaram a ter relação pessoal, tendo o declarante inclusive frequentado a residência de Jorge Luz por duas ou três oportunidades, especialmente em viagens ao Rio de Janeiro; Que jamais tratou de negócios nesses encontros que teve com Jorge Luz, sendo que este jamais lhe solicitou qualquer tipo de favor; Que salienta inclusive o fato de recordar-se de uma afirmação feita por Jorge Luz em um dos seus encontros, no sentido de que o referido empresário não estaria mais realizando qualquer tipo de negócio, vindo de rendas e participações minoritárias em diversas empresas (...)".

No entanto, a Polícia Federal levantou registros de uma reunião na estatal na qual compareceram o ex-deputado e o operador do PMDB, no dia 19 de abril de 2010.

Os investigadores ressaltaram, em relatório, que o período corresponde à época em que vigoravam as negociações para a contratação da Sargent Marine. "Tal circunstância torna indubitável o envolvimento dos investigados no caso", assevera a PF.

"O comparecimento de Cândido Vaccarezza para reunião conjunta na Petrobras com Jorge Luz em 19 de abril de 2010, permite concluir que o então deputado federal mentiu no depoimento prestado no bojo do Inquérito 3990 - STF, quando revelou que 'jamais tratou de negócios nesses encontros que teve com Jorge Luz'", afirma a Polícia Federal.

Defesa

Em nota, o PT afirmou: "Vaccarezza foi militante e parlamentar do PT, saiu do Partido por divergências políticas, um direito de qualquer pessoa. O partido não tem informações sobre esse processo. Esperamos que ele tenha oportunidade de se defender e esclarecer as acusações".

 

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