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PF rastreia R$ 90 mi de doleiro em negócios suspeitos

Descoberta sobre fluxo milionário do caixa do doleiro Alberto Youssef ocorreu após análise da quebra de sigilo bancário da MO Consultoria e Laudos Estatísticos


	Brasão da Polícia Federal: a Lava Jato foi desencadeada há 10 dias para desmontar sofisticado esquema de lavagem de dinheiro que atingiu montante de R$ 10 bi
 (Wikimedia Commons)

Brasão da Polícia Federal: a Lava Jato foi desencadeada há 10 dias para desmontar sofisticado esquema de lavagem de dinheiro que atingiu montante de R$ 10 bi (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 26 de março de 2014 às 15h26.

São Paulo - A Polícia Federal (PF) descobriu que uma empresa de "consultoria" controlada pelo doleiro Alberto Youssef, alvo da Operação Lava Jato, movimentou quase R$ 90 milhões entre 2009 e 2013.

A PF suspeita que parte desses valores foi utilizada para pagamento de propinas para agentes públicos corrompidos por Youssef.

A descoberta sobre o fluxo milionário do caixa do doleiro ocorreu após análise da quebra de sigilo bancário da MO Consultoria e Laudos Estatísticos, que Youssef criou para captar valores de ‘clientes’ empresários, segundo a PF.

A Lava Jato foi desencadeada há 10 dias para desmontar sofisticado esquema de lavagem de dinheiro que atingiu o montante de R$ 10 bilhões. A investigação mostra as digitais de Youssef em negócios sob suspeita do Ministério da Saúde e da Petrobrás.

Youssef é um antigo conhecido da Justiça Federal. Nos anos 1990 ele foi protagonista do escândalo Banestado, evasão de US$ 30 bilhões. Na ocasião, ele fez delação premiada e contou parte do que sabia.

A Lava Jato o flagrou agora em ação novamente. Ele teria pago propinas para o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa.

A PF constatou que o doleiro presenteou o executivo com uma Land Rover Evoque, de R$ 250 mil. As ‘comissões’ para Paulo Roberto Costa e outros suspeitos podem ter chegado a quase R$ 8 milhões.

A PF interceptou mensagem de correio eletrônico enviada pela gerente financeira de uma empresa, que encaminha planilha de pagamentos de "comissões", em valores vultosos - total de R$ 7.950.294,23 -, com indicação, no campo fornecedor, das siglas MO e GFD.


Segundo a PF, a GFD Investimentos e a MO Consultoria "são empresas controladas por Alberto Youssef, que as colocou em nome de pessoas interpostas e são por ele utilizadas para ocultação de patrimônio e movimentação financeira relacionada às operações de câmbio no mercado negro".

O laudo pericial número 190/2014 "permite um panorama financeiro das movimentações da MO Consultoria". A planilha intitulada "valores movimentados por ano nas contas do investigado (Youssef)" revela o intenso fluxo.

Em 5 anos (2009/2013) as contas do doleiro movimentaram exatamente R$ 89,73 milhões.

O melhor resultado foi em 2011, com giro de R$ 43,78 milhões, entre créditos e débitos. Em 2013, porém, a movimentação despencou para R$ 504,9 mil - os investigadores suspeitam que Youssef canalizou os recursos para outra instituição, ainda não identificada.

A tabela 6 do laudo 190/2014 indica os principais remetentes identificados, agrupados, de créditos nas contas de Youssef. São 20 pessoas jurídicas, entre as quais algumas das maiores empreiteiras do país e empresas de engenharia, que despontam como "fonte pagadora" da MO Consultoria.

A Sanko Sider Comércio, Importação e Exportação de Produtos Siderúrgicos Ltda, que atua no ramo de tubos de aço, aparece em primeiro lugar com 57 aportes nas contas da MO Consultoria totalizando R$ 24,11 milhões naquele período.

A reportagem não localizou nenhum representante da Sanko para se manifestar sobre as relações da empresa com a MO Consultoria.

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