PF: as investigações indicavam que políticos ocupavam cargos públicos na base do conhecido “coronelismo”
Da Redação
Publicado em 18 de outubro de 2016 às 13h04.
A Polícia Federal (PF) prendeu hoje (18) quatro vereadores e um candidato a prefeito de Saquarema, na Região dos Lagos, no Rio: o presidente da Câmara, Romacart Azeredo de Souza, o vice-presidente, Vanildo Siqueira da Silva, os vereadores Paulo Renato Teixeira Ribeiro e Guilherme Ferreira de Oliveira, conhecido como Pitiquinho, e o pai dele, Hamilton Nunes de Oliveira, o Pitico, candidato derrotado nas eleições municipais deste ano. No total, foram cinco mandados de prisão, além de sete de condução coercitiva expedidos pela 62ª Zona Eleitoral de Saquarema.
As investigações indicavam que políticos ocupavam cargos públicos na base do conhecido “coronelismo”, isto é, captando votos em troca de benefícios irregulares.
Os investigados realizavam boca de urna e comprovavam votos em troca da distribuição de bens, como medicamentos e combustível para veículos.
Além disso, médicos estão no alvo da PF por fornecer atestados e receitas controladas em branco. O chefe da Delegacia de Polícia Federal de Niterói, Elias Escobar, detalhou as investigações.
“Nossos trabalhos começaram em meados de setembro, mais precisamente no dia 13 do mesmo mês, quando fomos acionados pelo Ministério Público (MP) de Saquarema que já tinha várias denúncias de irregularidades nesse âmbito. A partir do momento em que o MP não teve mais recursos para tocar as investigações, a gente passou a participar e constatamos que esse grupo já estava em uma velocidade incrível em suas ações criminosas. Tanto é que eram diversos crimes já cometidos, como associação criminosa, corrupção eleitoral, transporte irregular, fornecimento de atestado médico falso e fornecimento de receituários médicos controlados pela Anvisa [a Agência Nacional de Vigilância Sanitária]. Todos responderão por esses crimes e podem pegar uma pena bastante dura, se somados todos os crimes”, disse.
Segundo o coordenador da operação e também delegado da PF, Daniel França, há ainda um pastor de Saquarema que estava recebendo um dos políticos para acertar encontros com os fiéis durante os cultos realizados na igreja.
“E nisso ele aproveitava para se aproximar dos fiéis. O plano era definir os detalhes com esse líder religioso e, posteriormente, ir até um culto para ter um contato com os frequentadores da igreja onde ele, provavelmente, ofereceria benefícios irregulares em troca de votos”. O pastor, até a manhã desta terça, ainda não havia sido encontrado por ter alguns homônimos na região, segundo o delegado.