Brasil

PF prende dois da Abin por grampo de celulares e intimidação durante governo Bolsonaro

As ordens foram expedidas pelo ministro Alexandre de Moraes, que determinou ainda o afastamento de cinco servidores da Abin

Abin: As ordens já foram cumpridas no Distrito Federal (Antonio Cruz/Agência Brasil)

Abin: As ordens já foram cumpridas no Distrito Federal (Antonio Cruz/Agência Brasil)

Publicado em 20 de outubro de 2023 às 09h44.

Última atualização em 20 de outubro de 2023 às 14h48.

A Polícia Federal (PF) deflagrou, na manhã desta sexta-feira, 20 a Operação Última Milha para prender dois servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) que usaram indevidamente o sistema de geolocalização de celulares do órgão para coerção. As ordens já foram cumpridas no Distrito Federal.

Os agentes cumpriram 25 mandados de busca e apreensão e dois mandados de prisão preventiva, além de medidas cautelares diversas da prisão, nos estados de São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Goiás e no Distrito Federal. As medidas judiciais foram expedidas pelo Supremo Tribunal Federal. As ordens foram expedidas pelo ministro Alexandre de Moraes, que determinou ainda o afastamento de cinco servidores da Abin.

Apreensão de US$ 171 mil em espécie

Durante a operação, a PF aprendeu US$ 171 mil em espécie na residência de um dos alvos de busca e apreensão e afastamento da função pública, em Brasília/DF. O órgão investiga se a origem do dinheiro tem relação com o inquérito.

Apreensão de US$ 171.800,00 em espécie na residência de um dos alvos de busca e apreensão e afastamento da função pública, em Brasília/DF.

Apreensão de US$ 171.800,00 em espécie na residência de um dos alvos de busca e apreensão e afastamento da função pública, em Brasília/DF. (PF/Divulgação)

Investigação

A ofensiva mira supostos crimes de invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei. De acordo com a PF, o grupo sob suspeita teria usado o sistema da Abin - um "software intrusivo na infraestrutura crítica de telefonia brasileira" - para rastrear celulares "reiteradas vezes". Os crimes teriam sido praticados sob o governo Jair Bolsonaro. À época, o órgão era comandado por Alexandre Ramagem. Os servidores presos nesta manhã teriam usado o "conhecimento sobre o uso indevido do sistema como meio de coerção indireta para evitar a demissão" em processo administrativo disciplinar do qual eram alvo.

Segundo reportagem do jornal O Globo, durante os três primeiros anos do governo Bolsonaro, a Abin teria usado, sem qualquer protocolo oficial, a ferramenta FirstMile para monitorar os passos de até 10 mil proprietários de celulares a cada 12 meses. Segundo a colunista do GLOBO Bela Megale, a PF identificou 1800 usos do sistema relacionados a políticos, jornalistas, advogados e adversários do governo Bolsonaro. A investigação policial mostra que boa parte dos monitoramentos de pessoas aconteceu em Brasília e que aqueles realizados no Rio não tiveram relação direta com alvos do crime organizado.

Quem são os servidores da Abin presos

Na operação deflagrada nesta sexta-feira, a Polícia Federal apontou que os dois servidores, Eduardo Izycki e Rodrigo Colli, teriam utilizado seu conhecimento sobre o uso indevido do FirstMile para coagir a cúpula da agência e evitar a sua demissão. A alegação dos servidores é, entretanto, de que foram alvos do programa: o sistema teria sido utilizado para checar a presença de um deles em região próxima a um quartel do Exército.

Além deles dois, o ministro Alexandre de Moraes também afastou outros três agentes da Abin pelo uso indevido do sistema de geolocalização. Entre eles, estão dois diretores do órgão. Um deles é Paulo Mauricio Fortunato Pinto, que hoje é o número 3 da agência e, à época, estava à frente do setor de operações, responsável por acompanhar a utilização do FirstMile.

O que é Abin?

Semelhante ao FBI dos Estados Unidos, a Abin é a Agência Brasileira de Inteligência.

Com Estadão Conteúdo e Agência o Globo.

Acompanhe tudo sobre:Polícia FederalPrisõesCorrupção

Mais de Brasil

Acidente com ônibus escolar deixa 23 mortos em Alagoas

Dino determina que Prefeitura de SP cobre serviço funerário com valores de antes da privatização

Incêndio atinge trem da Linha 9-Esmeralda neste domingo; veja vídeo

Ações isoladas ganham gravidade em contexto de plano de golpe, afirma professor da USP