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PF prende advogado da Boca de Lobo, que prendeu governador Pezão

Advogado Tony Lo Bianco interferiu para impedir a investigação de esquema criminoso envolvendo o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (MDB)

Pezão: atuação irregular do advogado foi descoberta durante o cumprimento de mandados (Tomaz Silva/ABr/Agência Brasil)

Pezão: atuação irregular do advogado foi descoberta durante o cumprimento de mandados (Tomaz Silva/ABr/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 10 de dezembro de 2018 às 17h16.

Última atualização em 10 de dezembro de 2018 às 17h17.

A constatação de que o advogado Tony Lo Bianco interferiu para impedir a investigação de esquema criminoso envolvendo o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (MDB), levou a procuradora-geral, Raquel Dodge, a requerer, na última sexta-feira, 7, a sua prisão preventiva.

Determinada pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça, Felix Fischer, neste domingo, 9, a medida cautelar foi executada na manhã desta segunda-feira, 10, pela Polícia Federal. Também foram cumpridos mandados de busca e apreensão em quatro endereços ligados ao advogado e na residência de Sérgio Beninca.

As informações foram divulgadas pela Secretaria de Comunicação Social da Procuradoria. O governador do Rio está preso desde 29 de novembro.

Lo Bianco é advogado da empresa Kyocera, uma das integrantes do consórcio que venceu a licitação para as obras de iluminação do Arco Metropolitano, orçada em mais de 96 milhões de reais. Já Beninca, possui ligações com Cézar Amorim, um dos alvos da operação deflagrada em 29 de novembro.

Segundo a Procuradoria, "a atuação irregular do advogado foi descoberta durante o cumprimento dos mandados da Operação Boca de Lobo", que prendeu Pezão. Na petição enviada ao STJ, a procuradora-geral reproduz trecho de áudio de ligações telefônicas de Tony Lo Bianco a Cézar Amorim.

Os áudios foram interceptados por autorização judicial. Na ligação, Lo Bianco orienta o empresário a pedir para Beninca retirar, com urgência, a documentação da Kyocera de um determinado local.

Na ligação - atendida pelo serviço de caixa postal, uma vez que o empresário havia sido preso na Operação Boca de Lobo - o advogado usa a expressão: "vai complicar o Arco Metropolitano".

"Verifica-se, assim, um quadro de intricadas relações envolvendo membros da Orcrim (Organização Criminosa) e, pior, com a destruição de provas a demonstrar a necessidade da custódia cautelar", pontua Raquel, em um dos trechos da petição.

Na peça, a procuradora-geral menciona a representação policial, destaca a gravidade dos fatos que, conforme afirma, caracterizam o tipo penal do parágrafo 2.º do artigo 1.º da Lei 12.850/20131 - pena de três a oito anos de prisão, além de multa, para quem "impede ou, de qualquer forma, embaraça a investigação de infração penal que envolva organização criminosa".

Lembra ainda que o material probatório incluído na representação é suficiente para fundamentar a necessidade das medidas requeridas para evitar a destruição de documentos e outras informações ainda relevantes à elucidação dos fatos apurados.

Operação Boca de Lobo

O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (MDB), e outras oito pessoas foram presas no dia 29 de novembro, quando também foram cumpridos mandados de busca e apreensão nas cidades do Rio, Piraí, Juiz de Fora, Volta Redonda e Niterói.

O ministro Felix Fischer autorizou ainda o sequestro de bens dos envolvidos até o valor de R$ 39,1 milhões.

Entre os presos, estão empresários acusados de integrar o esquema criminoso que causou prejuízo milionário aos cofres públicos. De acordo com as investigações que embasaram as medidas cautelares, o governador integra o núcleo político de uma organização criminosa que, ao longo dos últimos anos, cometeu vários crimes contra a administração pública, com destaque para a corrupção e a lavagem de dinheiro.

Ao apresentar os pedidos, Raquel destacou que a organização criminosa - que desviou verbas federais e estaduais, inclusive, com a remessa de vultosas quantias para o exterior -, vem sendo desarticulada de forma progressiva, com o avanço das investigações.

A procuradora-geral enfatizou que Pezão foi secretário de Obras e vice governador de Sérgio Cabral, entre 2007 e 2014, período em que já foram comprovadas práticas criminosas como a cobrança de um porcentual do valor dos contratos firmados pelo Executivo com grandes construtoras, a título de propina.

As investigações revelaram que, apesar de ter sido homem de confiança de Sérgio Cabral, inclusive sucedendo-o na liderança da organização criminosa, Pezão 'manteve um esquema próprio de corrupção'.

Defesas

A reportagem está tentando contato com a defesa do advogado Tony Lo Bianco e com os outros citados. O espaço está aberto para manifestação.

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