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PF mira sede de sindicato ligado a irmão de Lula em nova fase da Operação Sem Desconto

Sede do Sindnapi, presidido por Milton Cavalo e com Frei Chico na vice, foi alvo de mandado

Agência o Globo
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Publicado em 9 de outubro de 2025 às 12h08.

Em nova fase da Operação Sem Desconto, que apura um esquema bilionário de descontos associativos irregulares em aposentadorias e pensões, a Polícia Federal cumpre nesta quinta-feira mandados de busca e apreensão contra associações suspeitas de envolvimento no escândalo.

Dentre elas, está sede do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), cujo vice-presidente é José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Frei Chico não consta como investigado no inquérito da PF. Em nota, a defesa do sindicato diz que foi pega de “surpresa” com a operação e manifestou “repúdio” com as suspeitas atribuídas à instituição.

Sindicato nega irregularidades e fala em “repúdio”

“Esclareça-se que os advogados não tiveram acesso ao inquérito policial, ao conteúdo das razões da representação policial ou dos fundamentos da decisão que autorizou a deflagração da medida cautelar, mas reitera seu absoluto repúdio e indignação com quaisquer alegações de que foram praticados delitos em sua administração ou que foram realizados descontos indevidos de seus associados”, diz a associação, acrescentando que “comprovará a lisura e legalidade de sua atuação, sempre em prol de seus associados, garantindo-lhes a dignidade e respeito que são devidos”.

PF cumpre mandados em oito estados

A PF cumpre ao todo 66 mandados de busca e apreensão expedidos pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), André Mendonça. As ações estão sendo realizadas no Distrito Federal e outros sete estados: São Paulo, Sergipe, Amazonas, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, Pernambuco e Bahia.

A ação conta com o apoio da Controladoria-Geral da União (CGU). Nos endereços vasculhados, os agentes apreenderam carros de luxo, dinheiro em espécie e uma arma.

Presidente do Sindnapi é ouvido na CPI do INSS

O presidente do Sindnapi, Milton Baptista de Souza Filho, o Milton Cavalo, vai prestar depoimento à CPI do INSS nesta quinta-feira. A sessão está marcada para as 9 horas.

A associação movimentou cerca de R$ 1,2 bilhão em seis anos, segundo relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). A sede do Sindnapi fica na capital paulista.

Além do Sindnapi, as sedes das associações Amar Brasil e Masterprev também foram alvos de buscas.

PF investiga lavagem de dinheiro e organização criminosa

De acordo com a Polícia Federal, a operação de hoje tem o objetivo de “aprofundar as investigações e esclarecer a prática de crimes como inserção de dados falsos em sistemas oficiais, constituição de organização criminosa e atos de ocultação e dilapidação patrimonial”.

Os crimes em apuração são de estelionato qualificado, peculato, corrupção ativa, uso de documento falso, lavagem de capitais e organização criminosa.

Primeira fase revelou esquema de R$ 6,3 bilhões

A primeira fase da operação foi deflagrada em abril de 2025, quando a PF e a CGU revelaram que sindicatos e associações de aposentados faziam descontos indevidos e sem autorização nos contracheques de beneficiários, o que totalizou R$ 6,3 bilhões.

Na ocasião, a cúpula do INSS foi afastada sob suspeita de envolvimento no esquema.

As entidades envolvidas afirmavam oferecer serviços como planos de saúde, academia e assistência jurídica, mas, segundo a CGU, não possuíam estrutura real para executar o que prometiam. Em muitos casos, os aposentados sequer tinham conhecimento de que haviam sido filiados, descobrindo as cobranças apenas ao consultar seus extratos de benefício.

Empresários presos em setembro são apontados como operadores

Em setembro, a PF prendeu os empresários Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, e Maurício Camisotti, apontados como principais operadores do esquema.

Segundo os investigadores, eles coordenavam empresas que funcionavam como intermediárias financeiras entre as associações e os servidores públicos. Parte dos recursos desviados era repassada a funcionários do INSS responsáveis por autorizar os convênios e validar os descontos.

Eles negam todas as irregularidades.

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