Brasil

PF investiga superfaturamento de 850% na compra de máscaras no Tocantins

Máscaras compradas por até R$ 3,64 foram compradas por R$ 35 pela Secretaria de Saúde do Estado do Tocantins

Máscaras (Amilcar Orfali/Getty Images)

Máscaras (Amilcar Orfali/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 3 de junho de 2020 às 12h37.

A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta quarta-feira, 3, a Operação Personale para apurar suposto superfaturamento na compra, pela Secretaria de Saúde do Estado do Tocantins, de 12 mil máscaras de proteção facial, no valor de R$ 35 cada, totalizando R$ 420 mil. Os investigadores identificaram processo licitatório para o fornecimento de equipamentos idênticos com valores unitários de R$ 1,93 e R$ 3,64.

Em nota, a Secretaria de Estado do Tocantins informou que a empresa com a qual mantinha contrato solicitou em 16 de março o cancelamento do fornecimento das máscaras em "virtude do cenário atual e a alta do consumo de materiais". A pasta indicou ainda que representou junto ao Ministério Público Federal (MPF) para investigação da possibilidade de ter havido sobrepreço e possível crime contra economia popular.

Na Personale, cerca de 20 Policiais Federais cumprem quatro mandados de busca e apreensão e três ordens de intimação expedidos pelo Juízo da 4ª Vara Federal da Seção Judiciária do Estado do Tocantins.

A Polícia Federal indicou que encontrou indícios de possível superfaturamento em dois contratos firmados entre a Secretaria Estadual de Saúde e empresas. Tais contratos, visando à aquisição de 12 mil máscaras de proteção facial com valor unitário de R$ 35, totalizavam R$ 420 mil.

No entanto, as investigações apontaram, ainda, que, já durante a pandemia, existia processo licitatório vigente na Secretaria Estadual de Saúde que resultou na contratação de empresas para o fornecimento de máscaras de proteção facial idênticas, por valores que variam entre R$ 1,93 e R$ 3,64.

Segundo a PF, os investigados poderão responder pelos crimes de formação de cartel e peculato, além de crime contra a economia popular, cujas penas somadas podem ultrapassar 19 anos de reclusão e multa.

"O nome da Operação 'Personale', que em italiano significa 'pessoal', faz alusão ao interesse pessoal de alguns em detrimento ao interesse público. Além disso, o vocábulo "persona" em latim originalmente significava máscara", afirmou a PF em nota.

Defesa

A Secretaria de Estado da Saúde (SES) informa que em relação a operação da Polícia Federal deflagrada na manhã desta quarta-feira, 3, o órgão está à disposição das autoridades e esclarece ainda que:

- Em 16 de março, a empresa com a qual a SES mantinha contrato para fornecimento de máscaras solicitou o cancelamento de saldo de atas alegando que em virtude do cenário atual e a alta do consumo de materiais, principalmente os descartáveis, não lhe restaria outra opção senão o cancelamento do item em questão.

- Desta forma, com a necessidade urgente de aquisição dos equipamentos, fez-se necessária a dispensa de licitação.

- Com relação ao valor do equipamento adquirido, a SES representou junto ao Ministério Público Federal (MPF) para investigação da possibilidade de ter havido sobrepreço e possível crime contra economia popular.

A SES ainda informa que, no dia 7 de abril, fez uma reunião com todos os órgãos de controle como Ministérios Públicos Estadual e Federal, Defensoria Pública do Estado, Polícias Civil e Federal, Procon-TO, Tribunal de Contas do Estado (TCE), Controladoria Geral do Estado (CGE) e Procuradoria Geral do Estado (PGE) pra traçar ações coordenadas para combater o sobrepreço conforme reportagem publicada no site do Governo do Estado.

Acompanhe tudo sobre:Hospitais públicosPolícia FederalTocantins

Mais de Brasil

Às vésperas do Brics, Brasil realiza primeira exportação de carne bovina para o Vietnã

Moraes teve 'sabedoria' ao levar aumento do IOF para conciliação, diz Alckmin

Brasil assina carta de intenções com gigante chinesa de energia que envolve minerais nucleares

Fórum Empresarial do Brics: Lula defende comércio multilateral dos países emergentes