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PF indicia ministro do Turismo por esquema de candidaturas laranjas no PSL

Segundo as investigações, o partido do presidente Bolsonaro utilizou candidatas de fachada para acessar recursos de fundo eleitoral exclusivo para mulheres

Marcelo Álvaro: PF imputa ao ministro falsidade ideológica, associação criminosa e apropriação indébita (Geraldo Magela/Agência Senado)

Marcelo Álvaro: PF imputa ao ministro falsidade ideológica, associação criminosa e apropriação indébita (Geraldo Magela/Agência Senado)

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Clara Cerioni

Publicado em 4 de outubro de 2019 às 11h08.

Última atualização em 4 de outubro de 2019 às 11h19.

São Paulo — A Polícia Federal (PF) indiciou o ministro Marcelo Álvaro Antônio, do Turismo, no inquérito da Operação Sufrágio Ostentação — investigação sobre suposto desvio de recursos por meio de candidaturas femininas laranjas nas eleições 2018.

Na ocasião, Marcelo Álvaro ocupava o posto de presidente do PSL em Minas. A PF imputa ao ministro falsidade ideológica, associação criminosa e apropriação indébita.

Segundo as investigações, o partido do presidente Jair Bolsonaro utilizou candidatas em disputas de fachada para acessar recursos de fundo eleitoral exclusivo para mulheres. Os investigadores atribuem ao ministro o papel de articulador do esquema de laranjas.

A PF já havia indiciado as ex-candidatas Naftali de Oliveira Neres, Débora Gomes da Silveira, Camila Fernandes Rosa e Lilian Bernardino de Almeida. O total de votos recebido pelas quatro foi próximo de 2.100.

Elas ficaram em silêncio em audiência na PF, que as enquadrou por falsidade ideológica, aplicação irregular de verba e associação criminosa.

Em julho, a PF também indiciou Mateus von Rondon, assessor especial do ministro, e Roberto Soares e Haissander Souza, que haviam sido presos, por falsidade ideológica, uso indevido de verba e associação criminosa, com pena máxima prevista de nove anos e três meses de prisão, no total.

Roberto Soares foi coordenador de campanha de Marcelo Álvaro a deputado federal. Em abril, o ministro do Turismo afirmou que as denúncias partiam de "fogo amigo" de dentro de seu próprio partido, segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro negou ter patrocinado qualquer esquema de candidaturas irregulares. Na época, disse também que "em breve" as investigações iriam provar que ele "nunca patrocinou nenhum tipo de esquema em Minas'.

"Como Deus é o justo juiz, vamos provar nossa total isenção, nossa total inocência", afirmou.

Entenda o caso

A decisão desta manhã faz parte de um inquérito que apura um esquema de laranjas no partido, revelado pelo jornal Folha de S.Paulo, em fevereiro.

Segundo investigação do veículo, nas eleições do ano passado, o comando nacional do PSL repassou 279 mil reais para financiar a candidatura das quatro candidatas mulheres do partido que tiveram um desempenho insignificante na eleição.

Logo depois do repasse, ao menos 85 mil reais foram parar oficialmente na conta de quatro empresas que são de assessores, parentes ou sócios de assessores do ministro.

Como presidente do PSL mineiro, Álvaro Antônio tinha o poder de escolher as candidaturas e também de destinar o dinheiro necessário para o desenvolvimento das campanhas.

Desde então, a permanência do ministro do Turismo no cargo tem sido cada vez mais questionada. O governo, no entanto, nega que ele será demitido.

Nas últimas vezes em que se pronunciou sobre o caso, o presidente Bolsonaro afirmou que é preciso esperar a conclusão das investigações pelas autoridades. “Só com acusação não vale”, afirmou em uma das ocasiões.

Em abril, novas revelações trouxeram mais complexidade às investigações, quando a deputada federal Alê Silva (PSL-MG) denunciou que o ministro a ameaçou de morte durante uma reunião no fim de março.

A parlamentar prestou depoimento espontâneo à PF explicando o esquema de candidaturas, que ela confirma ter sido comandado por Álvaro Antônio.

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