Policial Federal: grupo era integrado fazendeiros e empresários do setor agrícola e funcionários do INCRA (Divulgação/Polícia Federal)
Da Redação
Publicado em 27 de novembro de 2014 às 12h37.
Rio de Janeiro - A polícia desarticulou nesta quinta-feira uma organização criminosa responsável por fraudes na concessão de lotes destinados à reforma agrária, com um custo somado de R$ 1 bilhão, informaram fontes oficiais.
O grupo era integrado por cerca de 80 fazendeiros e empresários do setor agrícola e por oito funcionários do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), segundo um comunicado da Polícia Federal (PF), que mobilizou 350 agentes para prender a operação.
De acordo com a PF, os crimes investigados são de invasão de terras da União contra o meio ambiente, fraudes em documentos, corrupção ativa e passiva. O inquérito foi instaurado em 2010.
"Com ações ardilosas, uso da força física e até de armas, compravam a baixo preço ou invadiam e esbulhavam a posse destas áreas", reportou o comunicado da entidade.
As autoridades calculam que o grupo se apoderou nos últimos dez anos de cerca de mil lotes destinados à reforma agrária.
Além das detenções, os agentes federais que participaram da chamada operação "Terra Prometida" cumpriram 146 ordens de revista em residências e escritórios dos acusados de integrar a organização nos estados do Mato Grosso, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
De acordo com os comissários responsáveis pela investigação, para poder concentrar as terras e explorá-las comercialmente, os membros do grupo usaram documentos falsos, simularam inspeções de fiscais e falsificaram outras em que os proprietários renunciavam a suas propriedades.
Da mesmo maneira, o grupo alimentou os sistemas informáticos do INCRA com dados falsos.
Essas manobras permitiram que "grandes latifundiárias, grupos de produtores rurais e até empresas multinacionais ocupar ilegalmente as terras do Estado destinadas à reforma agrária".
Para a PF, além da cumplicidade de funcionários corruptos, o grupo contava com o apoio de altos funcionários de algumas Prefeituras e de vereadores municipais.
Todos os envolvidos responderão por crimes de invasão de terras da União, contra o meio ambiente, falsidade documental, estelionato e corrupção ativa e passiva. As penas podem chegar a até 12 anos de reclusão.