Fernando Bezerra Coelho: senador é alvo de operação da PF na manhã desta quinta-feira (19) (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 19 de setembro de 2019 às 07h45.
Última atualização em 19 de setembro de 2019 às 13h53.
São Paulo — A Polícia Federal (PF) realiza, na manhã desta quinta-feira (19), operação de busca e apreensão em endereços ligados a Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), líder do governo Bolsonaro no Senado.
Batizada de Desintegração, a ação incluiu buscas no gabinete do senador em Brasília e foi autorizada pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF). Leia na íntegra a decisão do STF.
A operação tem relação com obras da transposição do Rio São Francisco na época em que Bezerra era ministro da Integração Nacional do governo Dilma Rousseff, quando ainda estava no PSB.
Em Pernambuco, seu reduto eleitoral, Bezerra foi secretário no governo de Eduardo Campos, morto em 2014. Ele também foi líder de Michel Temer no Senado no ano passado.
Ao todo, o senador é alvo de cinco inquéritos, dois deles por supostos crimes contra a lei de licitações quando era prefeito de Petrolina, dois de quando era secretário estadual e um de quando foi ministro.
De acordo com parecer de Barroso, o montante total das vantagens indevidas chegaria, segundo a autoridade policial, a pelo menos R$ 5.538.000,00.
O filho do senador, Fernando Bezerra Filho, também é alvo dos agentes da PF. Bezerra Filho (DEM-PE), que atualmente é deputado federal, foi ministro de Minas e Energia no governo Temer.
Em nota sem identificar os suspeitos, a PF informou que a ação visa desarticular um esquema criminoso de pagamentos de vantagens indevidas por parte de empreiteiras em favor de autoridades públicas.
A investigação, instaurada no ano de 2017, teve início a partir de colaborações firmadas com investigados presos no âmbito da operação Turbulência, deflagrada em junho de 2016, que apurava o uso de empresas de fachada na lavagem de dinheiro de empreiteiras e no pagamento de propinas a políticos, informou a PF.
Os delatores, segundo a PF, confirmaram o pagamento de vantagens indevidas a autoridades públicas entre os anos de 2012 e 2014 realizados por empreiteiras que estavam executando obras custeadas com recursos públicos. A investigação também constatou que dívidas pessoais de autoridades, principalmente relativas às campanhas eleitorais, foram pagas pelas empresas ora investigadas.
Em nota, a defesa do senador afirmou estranhar a operação. "Causa estranheza à defesa do senador Fernando Bezerra Coelho que medidas cautelares sejam decretadas em razão de fatos pretéritos que não guardam qualquer razão de contemporaneidade com o objeto da investigação. A única justificativa do pedido seria em razão da atuação política e combativa do senador contra determinados interesses dos órgãos de persecução penal", diz o advogado André Callegari.
Ele aponta que a Procuradoria-Geral da República (PGR) havia opinado contra a busca e apreensão determinada pelo ministro Barroso.
"Ainda assim, o ministro Luís Roberto Barroso a deferiu. Se a própria PGR — titular da 'persecutio criminis' — não tinha interesse na medida extrema, causa ainda mais estranheza a decretação da cautelar pelo ministro em discordância com a manifestação do MPF. A defesa seguirá firme no propósito de demonstrar que as cautelares são extemporâneas e desnecessárias", disse.
(Com Estadão, Reuters e Agência Brasil)