Brasil

PF e Cade pedem à Petrobras que barre obra sem projeto

As medidas são para que se restabeleça a confiança, após a revelação da Lava Jato de um amplo esquema de fraudes e corrupção


	Petrobras: estatal informa que espera "mitigar riscos, dentre eles os de fraude e corrupção" com diretoria de Governança
 (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Petrobras: estatal informa que espera "mitigar riscos, dentre eles os de fraude e corrupção" com diretoria de Governança (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

DR

Da Redação

Publicado em 26 de janeiro de 2015 às 18h11.

São Paulo - A Polícia Federal e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) recomendaram à Petrobras as necessidades de a estatal "vedar o início de toda e qualquer obra sem ao menos o projeto básico concluído" e de adoção de medidas de prevenção e combate aos cartéis em licitações.

As medidas são para que se restabeleça a confiança, após a revelação da Lava Jato de um amplo esquema de fraudes e corrupção, que desviava de 1% a 3% dos cofres da estatal petrolífera, iniciado em 2004.

A recomendação subscrita pelo delegado federal Eduardo Mauat foi anexada aos autos da Lava Jato na sexta-feira, 23, em resposta a um ofício encaminhado pela Petrobrás à Lava Jato.

Nele, o departamento jurídico da estatal petrolífera comunica a criação da Diretoria de Governança, Risco e Conformidade e outras 22 medidas que podem impor mais rigor aos procedimentos de contratação, alvos do cartel de empreiteiras denunciado pela força-tarefa da Lava Jato.

A execução de construções bilionários da Petrobras sem projetos consolidados, como o que ocorreu na Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, a partir de 2007, "acabou dando causa tanto a aditivos legítimos, porém, evitáveis (justificados pela falta de diligência/planejamento/decisões equivocadas da Petrobras) como a ganhos indevidos por parte das empreiteiras", afirma a PF.

A Lava Jato ponderou ser apropriado a demonstração de ajustes, mas cobra mais efetividade nas medidas.

"Reportamos de curial importância a demonstração concreta por parte da estatal, embora ainda incipiente, de que está promovendo ajustes visando o restabelecimento da confiança."

No documento, a PF informa que ser "deveras pertinente" as observações feitas pelo Cade para apreciação da Petrobras.

A principal dela diz respeito à necessidade de se incluir "além do compromisso com as leis anticorrupção, o compromisso com a lei 12.529/11 (Nova Lei de Defesa da Concorrência) sobretudo no que diz respeito a prevenção e combate aos cartéis em licitações".

O Cade aponta quatro medidas que pode ser adotadas de imediato para se combater os cartéis. Uma delas é a inclusão do Conselho "entre os órgãos a serem atendidos pela Gerência de Órgãos de Controle".

A criação da gerência vinculada à presidente da estatal, Graça Foster, foi uma das medidas apontadas no documento da Petrobras como forma de evitar que novos esquemas como o alvo da Lava Jato ocorram.

O órgão terá como função atender a demandas dos órgãos Tribunal de Contas da União, Controladoria Geral da União e Ministério Público Federal.

Outra medida imediata recomendada pelo Cade é o "treinamento e capacitação das áreas de compras e licitações da Petrobras na detecção e combate a cartéis em compras públicas".

Risco

Em documento da Petrobras encaminhado a PF, em 23 de dezembro do ano passado, a estatal informa que, com a criação da diretoria de Governança, espera "mitigar riscos, dentre eles os de fraude e corrupção".

"Com isso, a Petrobras, sem dúvida, se tornará mais eficaz para mitigar riscos de fraude, corrupção e outros desvios do Código de Ética, bem como para atender às regras da Bolsa de Valores de Nova Iorque e da Bolsa de São Paulo", informa o documento assinado pelos advogados Anderson Reis e Carlos da Silva Fontes Filho, em nome da Petrobras.

O documento visava responder ao pedido feito pela PF, no dia 9 de dezembro, para que a estatal apontasse as medidas que pretende adotar "a fim de evitar que situações como as que são objeto da Operação Lava Jato se repitam".

O esquema, desbaratado a partir de março de 2014 pela Lava Jato, apontou que um grupo de 22 das maiores empreiteiras do país, que se autodenominava "clube", atuaram em cartel combinando e fatiando obras da Petrobras, mediante pagamentos de propina que variavam de 1% a 3% - gerando um rombo de mais de R$ 10 bilhões.

Acompanhe tudo sobre:CadeCapitalização da PetrobrasEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasEmpresas estataisEstatais brasileirasGás e combustíveisIndústria do petróleoOperação Lava JatoPetrobrasPetróleo

Mais de Brasil

Lula sanciona lei que aumenta pena para feminicídio para até 40 anos de prisão

Brasil tem alerta de tempestade para 12 estados nesta quinta-feira

Doenças causadas pela falta de saneamento afasta 6 milhões de crianças da escola, aponta estudo

Terceiro voo da FAB sai do Líbano com 218 resgatados a bordo