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PF detecta dinheiro desviado na Suíça

Investigadores destacam que repasses foram realizados pela Sanko Sider, fornecedora de uma contratada das obras da Refinaria Abreu e Lima


	Dólares: algumas transferências teriam ocorrido até 2014
 (Juan Barreto/AFP)

Dólares: algumas transferências teriam ocorrido até 2014 (Juan Barreto/AFP)

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Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2014 às 21h47.

São Paulo - A Operação Lava Jato identificou depósitos de empresas investigadas por supostos desvios na Petrobras em contas na Suíça atribuídas ao doleiro Alberto Youssef - alvo maior da Polícia Federal no combate a sofisticado esquema de lavagem de dinheiro que pode ter alcançado R$ 10 bilhões.

Os investigadores destacam que repasses foram realizados pela Sanko Sider, fornecedora de uma contratada das obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.

Algumas transferências teriam ocorrido até 2014, antes da deflagração da Lava Jato, em março. Outros depósitos partiram de empreiteiras, uma delas a OAS, sediada em Salvador.

A Suíça comunicou o Brasil sobre o bloqueio de US$ 5 milhões em contas titularizadas por um "colaborador" de Youssef. Segundo a PF, ele exerce o papel de "laranja" do doleiro ao emprestar seu nome para ocultar ativos naquele país europeu.

Também foi decretado o embargo de US$ 23 milhões em 12 contas do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, contra quem a Suíça abriu processo penal por lavagem de dinheiro.

Luc Leimgruber, procurador federal suíço, informou que, entre 2011 e 2012, Costa teria recebido "propinas para a adjudicação das obras no âmbito da construção das refinarias de Abreu e Lima, nos arredores de Recife (Pernambuco)".

Segundo o procurador, o dinheiro teria origem ainda em "desvio de fundos públicos no âmbito de outra investigação vinculada à compra pela Petrobrás, em 2006, da refinaria americana Pasadena, no Texas".

A PF sustenta que Youssef e Costa associaram-se para infiltrar organização criminosa na Petrobrás e em outros órgãos públicos em busca de contratos milionários por meio de fraudes a licitações.

A investigação revela que o doleiro era o controlador do laboratório Labogen, que tentou negócios no Ministério da Saúde, gestão Alexandre Padilha (PT).

Rastreamento bancário aponta que Youssef pagou R$ 7,9 milhões em propinas para Costa, entre 2011 e 2012.

Os pagamentos, segundo a PF, estavam "relacionados a obras da Refinaria Abreu e Lima, licitada pela Petrobrás na qual o investigado (Costa) teve participação".

Os investigadores acreditam que Costa mantém ativos em instituições financeiras não apenas na Suíça, mas também em outros países.

Para a Justiça Federal, as contas secretas de Costa "podem apenas revelar um padrão de conduta, não se excluindo de antemão a possibilidade da existência de outras contas em outros países, eventualmente de difícil acesso pelas autoridades brasileiras".

O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sugere conta corrente de Costa com o doleiro, "além de contas comuns no exterior". A Justiça Federal autorizou compartilhamento das provas da Lava Jato com as CPIs da Petrobras.

Serão disponibilizados aos parlamentares o inquérito da PF, os autos de busca e apreensão e da prisão de Costa, interceptações telefônicas e dados da quebra de sigilo bancário.

Também foi autorizado compartilhamento com a PF no Rio, que investiga "eventuais ilícitos" envolvendo a aquisição de Pasadena pela Petrobras.

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