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PF desautoriza seu delegado que defende prisão para "os outros líderes"

Em nota nesta segunda-feira, 9, a direção da PF informou que "as declarações proferidas são de cunho exclusivamente pessoal"

Polícia Federal desautorizou seu delegado Milton Fornazari Jr. que, em sua página no Facebook, postou mensagem na noite de sábado, 7, logo após a prisão de Lula (Vagner Rosário/VEJA)

Polícia Federal desautorizou seu delegado Milton Fornazari Jr. que, em sua página no Facebook, postou mensagem na noite de sábado, 7, logo após a prisão de Lula (Vagner Rosário/VEJA)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 9 de abril de 2018 às 14h02.

São Paulo - A Polícia Federal (PF) desautorizou seu delegado Milton Fornazari Jr. que, em sua página no Facebook, postou mensagem na noite de sábado, 7, logo após a prisão de Lula. "Agora é hora de serem investigados, processados e presos os outros líderes de viés ideológico diverso, que se beneficiaram dos mesmos esquemas ilícitos que sempre existiram no Brasil (Temer, Alckmin, Aécio etc)'.

Em nota nesta segunda-feira, 9, a direção da PF informou que "as declarações proferidas são de cunho exclusivamente pessoal e contrariam o normativo interno referente a manifestações em nome da instituição". A PF anunciou medidas administrativo-disciplinares "em relação ao caso concreto".

A mensagem de Fornazari foi postada pouco depois de o ex-presidente Lula decolar em um avião da PF rumo a Curitiba, a terra da Lava Jato, para cumprir a pena de 12 anos e um mês de reclusão no processo do famoso triplex do Guarujá.

"Lula preso. Objetivamente recebeu bens, valores, favores e doações para seu partido indevidamente por empresas que se beneficiaram da corrupção em seu governo", escreveu o delegado. "Por isso merece a prisão."

O delegado conclui sua manifestação afirmando que se as investigações futuras chegarem aos outros líderes que ele elencou "teremos realmente evoluído muito como civilização". "Se não acontecer e só Lula ficar preso, infelizmente, tudo poderá entrar para a história como uma perseguição política."

Delegado experiente, Fornazari tem em seu currículo a investigação sobre o cartel do Metrô e as fraudes no sistema metroferroviário de São Paulo em governos do PSDB. Ele também foi responsável pelo inquérito que apurou supostos desvios de recursos nas obras bilionárias do Rodoanel, em São Paulo, e é especialista em cooperação internacional para identificação de lavagem de dinheiro e ocultação de valores.

O post de Fornazari contrariou a cúpula da PF. "O mencionado servidor não faz parte do corpo diretivo da PF em São Paulo e tampouco é porta voz desta instituição. A PF jamais se manifesta oficialmente por meio de perfis pessoais de seus servidores."

Na nota, a cúpula da PF diz que "reitera seu compromisso, como polícia republicana, de trabalhar de forma isenta, discreta e apartidária, nos estritos limites da lei".

Leia a íntegra da nota da PF

"Em referência à reportagem publicada na página A10 do jornal O Estado de S. Paulo de 10/04, informamos que:

1) O delegado de Polícia Federal Milton Fornazari Jr. não é responsável pela Delegacia de Combate à Corrupção e Crimes Financeiros em São Paulo, tendo exercido a chefia da delegacia de 26/10/2015 a 02/11/2016.

2) O mencionado servidor não faz parte do corpo diretivo da PF em São Paulo e tampouco é porta voz desta instituição.

3) A PF jamais se manifesta oficialmente por meio de perfis pessoais de seus servidores.

4) As declarações proferidas são de cunho exclusivamente pessoal, e contrariam o normativo interno referente a manifestações em nome da instituição, razão pela qual serão tomadas as medidas administrativo-disciplinares em relação ao caso concreto.

5) A PF reitera seu compromisso, como polícia republicana, de trabalhar de forma isenta, discreta e apartidária, nos estritos limites da lei.

Defesas

A reportagem fez contato com a assessoria do presidente Michel Temer. Também procurou as assessorias do ex-governador Geraldo Alckmin e do Senador Aécio Neves. O espaço está aberto para as manifestações.

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