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PF conclui que homem-bomba de Brasília agiu sozinho e foi motivado por extremismo político

Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos, morreu em novembro após detonar artefatos explosivos em frente ao STF

Agência o Globo
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Publicado em 29 de abril de 2025 às 16h43.

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A Polícia Federal concluiu que Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos, que morreu em 13 de novembro do ano passado após detonar artefatos explosivos em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), agiu sozinho, sem participação ou financiamento de terceiros, e que a motivação do crime foi o extremismo político.

"Foram utilizados diversos meios de prova, com destaque para a análise das comunicações e dos dados bancários e fiscais; exames periciais em todos os locais vinculados aos fatos; reconstituição cronológica das ações do autor antes e durante o atentado; além da oitiva de mais de uma dezena de testemunhas", informou a PF. A conclusão da investigação foi encaminhada ao STF.

Em novembro, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) afirmou que Francisco circulava por Brasília desde julho do ano passado. Além das bombas na Praça dos Três Poderes, o homem acionou explosivos que estavam em um veículo, nas imediações da Câmara dos Deputados. No comunicado, a Abin coletou uma série de publicações do homem em seu perfil na rede social Facebook "anunciando ataques e manifestando ódio contra autoridades constituídas".

Francisco Wanderley Luiz era conhecido em Rio do Sul (SC), cidade de 72 mil habitantes a 200 quilômetros da capital catarinense, como um empresário do ramo do entretenimento. Quem conviveu com ele afirma que seu interesse pela política coincidiu com a chegada de Jair Bolsonaro à Presidência, em 2018. Já o discurso radical, que incluía ameaças a instituições, passou a fazer parte de seu repertório após a vitória eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva em 2022. Desde então, bandeiras do Brasil, referências militares e ataques ao comunismo passaram a dominar suas redes sociais.

Conhecido como França, ele empreendia na área de eventos e shows desde a juventude, mas ficou mais conhecido quando inaugurou, na década de 1980, diversas discotecas na cidade.

Mensagens postadas por Francisco nas redes sociais evidenciavam sua guinada em direção ao extremismo. Ele chegou a visitar o Supremo já com planos para o ataque, em agosto de 2024, quando postou uma foto dentro do plenário da Corte: “Deixaram a raposa entrar dentro do galinheiro (chiqueiro) ou não sabem o tamanho das presas ou é burrice mesmo. Provérbios 16:18 (A soberba precede a queda)”, escreveu na legenda.

Nas redes sociais, publicava prints de mensagens de WhatsApp enviadas por ele mesmo nas quais citava que o Brasil já era “um país socialista e comunista” e que iria “entregar a sua vida” para que “as crianças cresçam com liberdade”. Em uma postagem, reproduziu teoria conspiratória anticomunista ligada ao grupo de extrema-direita QAnon.

Desde o ano passado, Francisco passou a viajar com frequência a Brasília. Para se hospedar na cidade, alugou uma quitinete na Ceilândia, região administrativa da capital federal, a cerca de 30 quilômetros da Praça dos Três Poderes.

No espelho do banheiro do imóvel de 25 metros quadrados, deixou uma mensagem escrita com batom vermelho: “Debora Rodrigues. Por favor, não desperdice o batom. Isso é para deixar as mulheres bonitas, estátua de merda se usa TNT”, numa referência à mulher presa por pichar a estátua da Justiça durante os atos de 8 de janeiro. Na ocasião, ela pichou “perdeu, mané” na estátua, em referência a uma frase dita pelo ministro Luís Roberto Barroso, atual presidente do STF.

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