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PF aponta contradição em depoimento de Lula

No relatório, a PF destacou mensagens em que Paulo Gordilho conta à filha sobre um encontro em Atibaia "na fazenda de Lula"


	Lula: no documento da PF, de 22 de junho deste ano, a PF destacou a troca de mensagens entre Paulo Gordilho, sua filha, Isnaia e Léo Pinheiro, dono da OAS
 (Paulo Whitaker/Reuters)

Lula: no documento da PF, de 22 de junho deste ano, a PF destacou a troca de mensagens entre Paulo Gordilho, sua filha, Isnaia e Léo Pinheiro, dono da OAS (Paulo Whitaker/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 25 de agosto de 2016 às 17h58.

São Paulo - Relatório da Polícia Federal aponta que declarações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em depoimento à Operação Aletheia, em 4 de março deste ano, vão "em sentido contrário" a mensagens apreendidas pela Lava Jato.

Naquela ocasião, Lula foi levado para depor obrigatoriamente pela PF, no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e afirmou não conhecer o executivo Paulo Gordilho, ligado à empreiteira OAS.

Gordilho é um dos alvos nas investigações envolvendo o pagamento de benfeitorias no Sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP), e no tríplex do Edifício Solaris, no Guarujá, que para a força-tarefa da Lava Jato são de Lula.

Além de ser a dona do tríplex no Guarujá, a OAS - junto a Odebrecht - teria feito obras na propriedade rural em Atibaia.

No documento da PF, de 22 de junho deste ano, a PF destacou a troca de mensagens entre Paulo Gordilho, sua filha, Isnaia e Léo Pinheiro, dono da OAS. O relatório confrontou os diálogos com o depoimento de Lula em 4 de março.

"Na ocasião, em um dos momentos Lula revela que não conhece o senhor Paulo Gordilho, ex-diretor da OAS Empreendimentos, declaração esta que vai em sentido contrário do contexto da troca de mensagens inseridas, uma vez que pelo teor dessas mensagens era possível notar que havia alguma relação de proximidade entre Paulo Gordilho e o ex-presidente Lula", aponta a Federal no documento.

No relatório, a PF destacou mensagens em que Paulo Gordilho conta à filha sobre um encontro em Atibaia "na fazenda de Lula".

Estariam presentes o próprio Gordilho, Léo Pinheiro, Lula e a ex-primeira-dama Marisa Letícia, "para tratarem de assuntos de arquitetura relacionados a casa e na lagoa que está vazando", como explica o próprio Gordilho à sua filha nas mensagens.

"Além disso, Paulo Gordilho conta que haverá um segundo encontro com Dona Marisa no decorrer daquela semana para tratarem dos mesmos assuntos. Vale destacar também que Paulo Gordilho tem demasiada preocupação com o sigilo do encontro, pedindo à sua filha o 'sigilo absoluto' do mesmo.

"Dessa forma, as mensagens demonstram a atuação de Paulo Gordilho, e consequentemente da Construtora OAS, em obras realizadas no sítio em Atibaia/SP, indicando ainda a ciência por parte do ex-presidente Lula acerca do assunto", relata o documento da Federal.

A análise da PF indica ainda que em outro trecho do depoimento à PF, em 4 de março, Lula declara que ele e Léo Pinheiro estiveram apenas uma vez visitando o sítio em Atibaia, em um churrasco.

"Informação esta que coincide com o contexto da troca de mensagens entre Paulo Gordilho e sua filha, Isnaia, quando na ocasião - troca de mensagens - Paulo Gordilho comunica sua filha que vai à Atibaia em um churrasco e que seria 'na fazenda da Lula' e que estariam presentes ele, Léo Pinheiro e o próprio Lula", registra a PF no relatório.

Segundo a PF, as mensagens capturadas apontam "a participação de Paulo Gordilho, Léo Pinheiro - e consequentemente da Construtora OAS - em projetos de cozinha instalados em imóveis localizados nas cidades do Guarujá e de Atibaia, ambos no estado de São Paulo, fazendo referência, possivelmente, ao sítio em Atibaia e ao apartamento 164-A localizado no Condomínio Solaris no Guarujá".

Defesa

"O ex-Presidente Lula e seus familiares não são proprietários de qualquer imóvel no Edifício Solaris, no Guarujá, ou em Atibaia. Os imóveis pertencentes a Lula estão devidamente declarados à Receita Federal", diz Cristiano Zanin Martins, defensor de Lula.

"A obsessão da Lava Jato em tentar incriminar o ex-presidente e atacar sua reputação e de seus familiares faz com que os investigadores se valham de procedimentos ocultos e de seguidos vazamentos de questões absolutamente irrelevantes, gastando tempo e recursos públicos do Estado", continua.

"No dia 4 de março de 2016 Lula foi conduzido coercitivamente sem ter sido intimado, medida sem previsão na legislação brasileira, para depor no aeroporto de Congonhas. Perguntado sobre o nome de Paulo Gordilho, entre muitos outros nomes, respondeu 'por nome, não'. O ex-presidente não é obrigado a recordar o nome de todas as pessoas que já tiraram foto com ele".

"Depois de concluir uma investigação pública sobre o Edifício Solaris sem identificar um apartamento pertencente a Lula naquele empreendimento, a Lava Jato se vale de procedimentos ocultos e vazamentos em série para continuar o ataque à reputação do ex-Presidente e seus familiares. Os advogados de Lula aguardam decisão do Supremo Tribunal Federal para combater mais essa arbitrariedade da Operação", finaliza o advogado.

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