José Mariano Beltrame e Luiz Fernando Pezão visitam o Complexo da Maré (Tomaz Silva/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 31 de outubro de 2014 às 09h16.
Rio - Falta só o governador do Rio anunciar. Em 2015, o gaúcho José Mariano Beltrame vai continuar como secretário estadual de Segurança. Reeleito, Luiz Fernando Pezão (PMDB) já havia deixado claro o interesse em manter o delegado de Polícia Federal à frente da pasta, historicamente uma das mais delicadas e importantes.
Mesmo após quase oito anos no cargo, Beltrame está disposto a ficar - e para isso tem se reunido com Pezão, que fará o anúncio oficial em novembro.
Neste mesmo mês, mas em 2006, tocou o telefone na casa de uma tia do delegado, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Na linha, o recém-eleito governador Sérgio Cabral (PMDB): "Beltrame, você topa ser o secretário estadual de Segurança?" "Claro que topo." O diálogo está relatado na biografia do secretário "Todo dia é segunda-feira".
Pezão sempre afirmou querer a continuidade de Beltrame, de quem se tornou amigo pessoal, mas reconhecia o "cansaço" do delegado após tantos anos no cargo - um recorde.
"É desconfortável estar impedido de caminhar como um cidadão comum", disse o secretário no livro. Beltrame não tirou férias - no máximo, uma semana ou um fim de semana prolongado.
Segundo fontes ligadas ao secretário e a Pezão, Beltrame vai continuar. Oficialmente, o gaúcho é mais cauteloso, embora deixe transparecer o futuro.
"O governador tem um tempo para fazer isso (anunciar o secretariado) e estamos vendo como podemos colaborar", afirmou nesta quinta-feira, 30. ""Na hora certa, ele (Pezão) vai se manifestar."
Beltrame quer questões "alinhadas" com Pezão. Além da ampliação dos investimentos em segurança e a necessidade de chegar com o "social" nas comunidades pacificadas, ele tem feito reuniões com sua equipe para descobrir a "nova UPP": um projeto que tenha o mesmo impacto que tiveram as Unidades de Polícia Pacificadora.
Política
"Convidado" publicamente pelo candidato derrotado à Presidência Aécio Neves (PSDB) para assumir cargo no governo federal caso fosse eleito, o gaúcho negou ontem ter recebido qualquer convite de Dilma Rousseff.
No ano passado, o PMDB queria lançá-lo como candidato a vice. Não quis; avesso ao "jogo político", ele não é filiado a nenhum partido e tem Santa Maria como domicílio eleitoral.
Além da Olimpíada e dos Jogos Paralímpicos de 2016 - Pezão quer que o secretário continue pelo menos até lá -, Beltrame terá pela frente, antes, porém, um dos momentos mais delicados das UPPs.
Neste ano, os confrontos aumentaram nas principais comunidades "pacificadas" e seis PMs de UPPs foram assassinados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.