Brasil

Pezão deixa a prisão no Rio após decisão do STJ

Ex-governador do Rio de Janeiro estava preso desde novembro do ano passado e agora vai cumprir medidas cautelares

Luiz Fernando Pezão: ex-governador do Rio de Janeiro deixa a prisão após decisão do STJ (Ueslei Marcelino/Reuters)

Luiz Fernando Pezão: ex-governador do Rio de Janeiro deixa a prisão após decisão do STJ (Ueslei Marcelino/Reuters)

AO

Agência O Globo

Publicado em 11 de dezembro de 2019 às 21h23.

O ex-governador do Rio Luiz Fernando Pezão deixou na noite desta quarta-feira o Batalhão Especial Prisional (BEP), em Niterói, onde estava preso desde novembro do ano passado. Ele havia sido enviado para uma sala no Batalhão porque ainda exercia a função de governador no momento da prisão. Ontem, por três votos a zero, a Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) mandou soltar Pezão. Dois da turma não votaram porque se declararam impedidos.

A decisão do STJ foi comunicada à 7ª Vara Federal Criminal no início da tarde desta quarta-feira. Às 17h34, a juíza substituta Caroline Vieira Figueiredo expediu o alvará de soltura. O documento, no entanto, só chegou ao BEP quase três horas depois, entregue por um oficial de justiça por volta de 20h.

Ao longo dia, pedestres e motoristas que passavam em frente ao BEP fizeram questão de buzinar e protestar rapidamente contra a decisão de soltar o ex-governador - gritos de “ladrão” eram os mais frequentes. Uma manifestante chegou a esperar pela saída dele na porta da unidade segurando uma faixa favorável à sua prisão.

Uma dezena de curiosos chegou a se aglomerar em frente ao BEP. Por duas vezes, veículos em que o ex-governador não estava foram interceptados por populares no portão.

Ao responder em liberdade ao processo no qual é réu, o ex-governador deverá seguir algumas medidas cautelares, como usar tornozeleira eletrônica, comparecer em juízo quando chamado, comunicar ao juiz qualquer operação bancária superior a R$ 10 mil e ficar em casa entre 20h e 6h todos os dias. Além disso, ele está proibido de manter contato com outros réus, de ocupar cargos ou funções públicas e de deixar o Rio sem autorização judicial.

Pezão foi preso durante o exercício do mandato, há mais de um ano. Com o foro por prerrogativa de função atrelado ao cargo, foi denunciado ao STJ pela então procuradora-geral da República, Raquel Dodge, em dezembro de 2018. Como o mandato de Pezão terminou em 1º de janeiro, o caso desceu para a 7ª Vara Federal Criminal do Rio, que julga os processos da Lava-Jato no Rio. O juiz Marcelo Bretas acolheu a denúncia e manteve todas as decisões anteriores sobre o caso, incluindo a prisão do ex-governador.

As denúncias contra Pezão envolvem crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Ele é acusado, junto de outras 14 pessoas, incluindo o ex-governador Sergio Cabral, seu antecessor, e dois ex-secretários, também presos, de ter recebido vantagens indevidas que somam R$ 39,1 milhões, em valores atualizados.

A ação contra o ex-governador toma como base provas obtidas durante as operações Calicute e Eficiência, que apuraram crimes cometidos pelo ex-governador Sérgio Cabral. Pezão é acusado ainda de ter operado um esquema de corrupção próprio, que teria começado quando ele ainda era vice-governador e secretário de Obras. Ele teria recebido R$ 150 mil mensais em propinas, pagas em 85 parcelas por Cabral, entre março/abril de 2007 e março/abril de 2014. O valor incluiria até 13º, segundo o relato de um delator. O objetivo seria favorecer empreiteiras que mantinham contratos para grandes obras do Estado.

Há ainda acusações relativas ao recebimento de propinas da Fetranspor durante um ano, a partir de junho de 2014, que teriam chegado a R$ 11,4 milhões (R$ 14,6 milhões em valores atuais). Ele também teria recebido R$ 240 mil, divididos em oito parcelas, de empresas fornecedoras de alimentação para a Secretaria estadual de Administração Penitenciária e para o Degase. A propina era dada para que faturas em atraso fossem pagas pelos órgãos.

Mesmo preso, Pezão ainda não foi interrogado pela Justiça. O processo da operação Boca de Lobo está na fase dos depoimentos de testemunhas.

Acompanhe tudo sobre:Luiz Fernando PezãoPrisõesRio de Janeiro

Mais de Brasil

Banco Central comunica vazamento de dados de 150 chaves Pix cadastradas na Shopee

Poluição do ar em Brasília cresceu 350 vezes durante incêndio

Bruno Reis tem 63,3% e Geraldo Júnior, 10,7%, em Salvador, aponta pesquisa Futura

Em meio a concessões e de olho em receita, CPTM vai oferecer serviços para empresas