Um comboio de carros, um contendo os corpos de vítimas de uma explosão da plataforma Cidade São Mateus, afretada pela Petrobras (REUTERS/Gabriel Lordello)
Da Redação
Publicado em 13 de fevereiro de 2015 às 09h33.
Vitória - O Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo (Sindipetro-ES) paralisou, durante cerca de três horas, o embarque de trabalhadores da categoria em helicópteros para plataformas offshore em alto-mar.
O protesto ocorreu na madrugada desta sexta-feira, 13. Foi um protesto por mais segurança no trabalho, promovido em todo o País pela Federação Única dos Petroleiros (FUP) no aeroporto de Vitória.
O ato foi decidido depois do acidente que matou cinco pessoas e deixou quatro desaparecidos no navio-plataforma Cidade de São Mateus, no litoral do Espírito Santo, na última quarta-feira, 11.
No aeroporto capixaba, o ato já foi encerrado, e os embarques foram normalizados.
Embora o navio-plataforma seja afretado desde 2009 pela Petrobras, a estatal e o governo tentam vincular o acidente na unidade apenas à BW Offshore. A norueguesa é a dona e operadora da plataforma que sofreu uma explosão na quarta-feira.
Denúncias
Trabalhadores da Transpetro, subsidiária de transporte da Petrobras, decidiram denunciar a empresa aos órgãos fiscalizadores alegando insegurança nas operações do Terminal de Campos Elíseos (Tecam).
Em seu site, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) relata que devido ao corte do pagamento de Adicional de Sobreaviso Parcial para reduzir custos, não haverá trabalhadores de manutenção e inspeção de equipamentos e também técnicos de segurança do trabalho para responder ocorrências ou emergências fora do horário administrativo, apesar de os dutos operarem 24 horas por dia transportando gás e óleo.
O adicional de sobreaviso é pago para garantir que empregados permaneçam em regime de plantão, aguardando qualquer chamada de emergência, mesmo nos períodos de descanso.
"Diante desta situação de risco, os trabalhadores decidiram denunciar esta situação aos órgãos fiscalizadores e à população, pois, caso venha ocorrer uma acidente e não haja resposta, a responsabilidade será da Transportadora Associada de Gás (TAG), da Transpetro e da Petrobras, que está apostando que é mais barato correr o risco do que ter uma equipe à disposição para qualquer ocorrência ou emergência", dizia a nota.
De acordo com a nota, o sindicato dos empregados do município de Duque de Caxias (RJ), o Sindipetro-Caxias, deverá alertar a população e as autoridades de que não haverá trabalhadores disponíveis para atender ocorrências fora do horário administrativo e, assim, um eventual corte de gás poderá paralisar usinas termoelétricas, siderúrgicas e postos de combustíveis. "O mesmo vale para um eventual vazamento de gás ou óleo", diz o texto.
A Transpetro, por meio de sua assessoria de imprensa, afirma que "a companhia trabalha com o sobreaviso parcial segundo suas necessidades operacionais" e acrescenta que alterações ocorrem após análises técnicas, sem "colocar em risco a segurança das operações".
A empresa ainda argumenta que monitora remotamente, sem interrupção, todas as atividades de transporte por dutos.