Petrobras: estatal afirmou que redução do preço ocorre em meio à baixa do petróleo no mercado internacional (Sergio Moraes/Reuters)
Carolina Riveira
Publicado em 28 de julho de 2022 às 12h35.
Última atualização em 28 de julho de 2022 às 21h34.
A Petrobras vai reduzir novamente o preço da gasolina em suas refinarias, segundo anúncio feito nesta quinta-feira, 28. O novo valor foi reduzido em R$ 0,15, uma queda de 3,9%, de R$ 3,86 para R$ 3,71 por litro.
Vá além do básico. Assine a EXAME e tenha acesso ilimitado às principais notícias e análises.
A alteração passa a valer a partir de sexta-feira, 29.
Essa é a segunda redução no preço da Petrobras em menos de um mês. Em 19 de julho, a estatal havia anunciado redução de cerca de 5%, o equivalente a R$ 0,20.
"Essa redução acompanha a evolução dos preços de referência, que se estabilizaram em patamar inferior para a gasolina, e é coerente com a prática de preços da Petrobras, que busca o equilíbrio dos seus preços com o mercado global", disse a Petrobras em nota.
A Petrobras afirmou ainda que equaliza seus preços "sem o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações internacionais e da taxa de câmbio".
VEJA TAMBÉM: Ibovespa hoje: bolsa tem leve alta com recessão americana e balanços no radar
Mais tarde nesta quinta-feira, em comunicado separado, a Petrobras também anunciou que haverá redução no preço médio do querosene de aviação (QAV, redução de 2,6%), na gasolina de aviação (GAV, redução de 5,7%) e no asfalto (redução de 4,5%). A redução passa a valer em 1° de agosto.
Outros combustíveis, como diesel, GLP (usado no gás de botijão) e gás natural, seguem com os preços atuais.
As reduções no preço da Petrobras acontecem em meio à queda do preço do barril de petróleo no mercado internacional, com os temores de uma recessão global derrubando o preço da commodity.
Após ter encostado em quase US$ 130 por barril neste ano com a guerra na Ucrânia, o barril Brent teve quedas recentes e era cotado a perto de US$ 108 no começo da tarde desta quinta-feira.
Os dois cortes de preço no preço da gasolina em julho foram os primeiros feitos pela Petrobras desde dezembro.
Nos meses anteriores, em movimento contrário, a Petrobras vinha aumentado o preço da gasolina em suas refinarias, quando o petróleo estava em alta no mercado internacional.
Com o corte, a fatia da Petrobras no total do litro da gasolina cairá de R$ 2,81 para R$ 2,70, em média, segundo os cálculos da petroleira. Assim, a redução na prática é de ao menos R$ 0,11 no litro ao consumidor.
O restante do preço final na bomba (hoje perto de R$ 6) diz respeito ao etanol anidro, adicionado à mistura da gasolina, tributos e cadeia de distribuição. Assim, os impactos ao consumidor podem variar nos diferentes postos e estados.
Antes do corte da Petrobras, o preço médio da gasolina vendida nos postos no Brasil, na semana encerrada em 23 de julho, ficou em R$ 5,89.
Os valores são medidos semanalmente pela Agência Nacional de Petróleo e Biocombustíveis (ANP), em levantamento em mais de 5,5 mil postos nacionalmente.
Além disso, a redução no preço da gasolina da Petrobras diz respeito somente ao combustível nas refinarias da estatal, que respondem por cerca de 80% da gasolina vendida no Brasil. O restante é vendido por importadores ou refinarias privatizadas, já a preços de mercado.
No geral, a gasolina vendida ao consumidor vem tendo queda neste mês. O preço da gasolina medido pela ANP (sem ajuste pela inflação) caiu 17% nas últimas quatro semanas.
Além da cotação do barril de petróleo, que gera reflexos diretos no preço das importadoras e refinarias privadas para além da Petrobras, houve corte nas alíquotas de ICMS estadual e tributos federais zerados para a gasolina (os tributos federais já haviam sido zerados para o diesel anteriormente).
O corte de impostos vieram após um projeto de lei sobre o tema ser aprovado no Congresso em junho, estabelecendo o teto da alíquota do ICMS em 17% - na prática, uma redução frente aos mais de 25% na maioria dos estados anteriormente.
Desde então, estados anunciaram redução de suas alíquotas, embora um imbróglio judicial sobre o assunto continue na Justiça.
VEJA TAMBÉM: Mais vagas, menos dinheiro: os destaques da taxa de desemprego em 5 gráficos
A medida, embora sirva para reduzir o preço dos combustíveis, foi criticada pelo alto custo fiscal aos estados e uso de recursos hoje usados em serviços públicos como educação e saúde. A perda calculada na época da votação do projeto foi de R$ 115 bilhões para estados e municípios somente neste ano.
Na outra ponta, defensores do corte e o governo federal argumentam que a medida servirá para reduzir a inflação generalizada e que estados e municípios têm caixa para bancar a redução. A expectativa é que julho tenha "deflação" com os cortes nos combustíveis. A inflação brasileira no IPCA, principal índice inflacionário, fechou junho em 12%, um dos maiores patamares desde o início do Plano Real, mas a expectativa no mercado é que termine o ano abaixo de 8%.
Vá além do básico. Assine a EXAME e tenha acesso ilimitado às principais notícias e análises.
Leia também: Petrobras (PETR3/PETR4) tem lucro de R$ 54,3 bilhões no 2º tri/2022, alta de 27%