Agência de notícias
Publicado em 17 de fevereiro de 2025 às 12h58.
A Petrobras busca adquirir campos de petróleo em países africanos para aumentar suas reservas, já que a estatal prevê um declínio na produção a partir de 2030. O interesse em poços em Angola, Namíbia e África do Sul foi confirmado pela diretora de Exploração e Produção da Petrobras, Sylvia Anjos, durante evento em Nova Déli, na Índia.
De acordo com a diretora, a estatal brasileira está em conversas com petroleiras multinacionais, como ExxonMobil (EUA), Shell (Reino Unido) e TotalEnergies (França), que já são parceiras da Petrobras na produção de petróleo no Brasil.
A declaração foi dada à agência de notícias Reuters na última quarta-feira (12) e confirmada pela Agência Brasil. A diretora participou da India Energy Week, evento internacional que reúne representantes da indústria petrolífera.
Os planos de US$ 2,2 bilhões da Petrobras para os biocombustíveis
Para Sylvia Anjos, a aquisição de poços na África faz sentido para o portfólio da empresa, que busca novas fronteiras de exploração e produção para compensar a queda das reservas atuais prevista para a próxima década.
A Petrobras retomou operações na África no ano passado. Em 8 de fevereiro de 2024, a companhia concluiu a aquisição de participações em três blocos exploratórios em São Tomé e Príncipe. A empresa detém 45% em dois blocos e 25% no terceiro.
Além disso, em outubro de 2024, o Conselho de Administração da Petrobras aprovou sua atuação na África do Sul, permitindo a aquisição de participação no bloco Deep Western Orange Basin (DWOB). O processo foi conduzido pela TotalEnergies.
Segundo o Plano de Negócios 2025-2029, a participação de 10% no bloco sul-africano ainda depende de aprovação do governo local.
No Brasil, a principal área de interesse exploratório da Petrobras é a Margem Equatorial, uma região no litoral norte do país considerada de alto potencial, sendo comparada ao pré-sal.
A exploração, no entanto, depende de autorização do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), órgão vinculado ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima.
Ativistas ambientais demonstram preocupações com os impactos ambientais e o aumento do uso de combustíveis fósseis, apontados como causadores do aquecimento global. Por outro lado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pressionou o Ibama, na última quarta-feira (12), para autorizar a exploração na região.
Outro ponto de interesse é a Bacia de Pelotas, no litoral sul do Brasil. A Petrobras já possui 29 poços de exploração na região. O interesse na área se justifica por descobertas recentes de petróleo no Uruguai e na África (Namíbia e África do Sul), cujas formações geológicas são semelhantes.
Além da África, a Petrobras mantém operações em países da América do Sul e nos Estados Unidos.
Na Colômbia, a estatal anunciou, em dezembro de 2024, a descoberta da maior reserva de gás da história do país. O poço Sirius-2, explorado em parceria com a estatal colombiana Ecopetrol, possui capacidade equivalente a quase metade da produção diária de gás da Petrobras no Brasil.
Essa descoberta pode aumentar em 200% as reservas de gás da Colômbia. Inicialmente, a produção será destinada ao mercado interno colombiano. No entanto, com a exploração de outros poços na região, como Buena Suerte e Papayuela, há expectativa de que o Brasil possa importar gás colombiano no futuro.
Na Argentina, a Petrobras opera por meio da subsidiária Petrobras Operaciones S.A., com 33,6% de participação no ativo de produção Rio Neuquén.
Na Bolívia, a estatal atua nos campos de San Alberto e San Antonio, detendo 35% de participação em cada um. A produção boliviana tem como principal destino o fornecimento de gás para Brasil e Bolívia.
Nos Estados Unidos, a Petrobras atua em águas profundas do Golfo do México, onde possui 20% de participação na joint venture MPGoM, formada com a Murphy Exploration & Production Company.
A produção total de óleo e gás natural da Petrobras atingiu 2,7 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed) em 2024, sendo mais de 80% provenientes do pré-sal.
No fim de janeiro de 2025, a estatal anunciou que suas reservas provadas de óleo, condensado e gás natural somavam 11,4 bilhões de barris de óleo equivalente (boe). Desses, 85% são de óleo e condensado e 15% de gás natural.
Em 2024, a companhia incorporou 1,3 bilhão de barris às suas reservas.
“Considerando a produção esperada para os próximos anos, é essencial seguir investindo na maximização do fator de recuperação, na exploração de novas fronteiras e na diversificação do portfólio exploratório para repor as reservas de petróleo e gás”, afirmou a Petrobras ao divulgar o total de reservas provadas.