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Petrobras assumiu gastos de Pernambuco em refinaria

Segundo documentos, estatal assumiu pelo menos R$ 829 milhões em Abreu Lima, que Pernambuco anteriormente havia concordado em bancar


	Obras na refinaria de Abreu e Lima da Petrobras, em Pernambuco
 (Oscar Cabral/VEJA/VEJA)

Obras na refinaria de Abreu e Lima da Petrobras, em Pernambuco (Oscar Cabral/VEJA/VEJA)

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Da Redação

Publicado em 24 de junho de 2014 às 23h36.

Rio de Janeiro - A Petrobras assumiu pelo menos R$ 829 milhões (US$ 373 milhões) em gastos em uma refinaria de petróleo que Pernambuco anteriormente havia concordado em bancar, após pedidos do então governador Eduardo Campos, segundo documentos internos obtidos pela Bloomberg News.

Em seu mandato anterior como governador do estado de Pernambuco, Eduardo Campos enviou pedidos ao então diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, para que a Petrobras arcasse com o custo de obras relacionadas ao projeto Abreu Lima, que inicialmente estariam a cargo de Pernambuco, segundo documentos assinados entre 2007 e 2010.

Agora candidato à presidência da República, Eduardo Campos disse que seus negócios com a Petrobras sempre foram transparentes e orientados pelo interesse público.

O repasse de despesas para a Petrobras, que é estatal, é um exemplo de como o orçamento da refinaria inchou de US$ 2,5 bilhões para US$ 18,5 bilhões.

A CEO Maria das Graças Foster tem chamado o projeto -- que é alvo de outras investigações federais sobre superfaturamento e lavagem de dinheiro -- um exemplo de ineficiência que não pode ser repetido. Os documentos internos não indicam nenhuma irregularidade de Eduardo Campos.

Eduardo Campos foi governador de Pernambuco de 2007 a abril de 2014, quando a Petrobras começou a construir a planta, e agora está em terceiro lugar nas pesquisas eleitorais para a presidência.

Os prejuízos operacionais na unidade de refino da Petrobras atingiram mais de US$ 40 bilhões desde 2011, quando Dilma começou a usar a empresa para subsidiar as importações de combustível para frear a inflação.

Os gastos desenfreados na unidade levaram a uma série de investigações federais neste ano e colocaram Dilma na defensiva antes das eleições de outubro.

Não existem provas de que Dilma, que presidiu o Conselho de Administração da Petrobras entre 2003 e 2010, sabia dos pedidos, que foram feitos à diretoria da Petrobras, não ao conselho.

Embora Dilma mantenha a liderança nas pesquisas, o apoio combinado dos candidatos de oposição Aécio Neves e Eduardo Campos pode ser suficiente para forçá-la a concorrer em um segundo turno, em 26 de outubro.

Maria das Graças Foster citou a infraestrutura relacionada ao acesso à refinaria como uma das razões pelas quais os custos se multiplicaram por mais de sete.

O projeto está 87 por cento concluído e a Petrobras planeja iniciar as operações em novembro, disse ela a parlamentares na semana passada.

“Construir uma refinaria no Brasil exige construir os extramuros”, disse ela. “Em outros lugares, os investimentos necessários não vão além do coração da refinaria”.

Os documentos mostram que Eduardo Campos, herdeiro de uma família política de Pernambuco, onde seu avô também foi governador, escreveu que o estado não tinha fundos e que o projeto seria atrasado, a menos que a Petrobras assumisse o custo de construção da infraestrutura da refinaria, incluindo canais de navegação, um píer, estradas de acesso e parte de uma via expressa.

“Durante os meus dois governos em Pernambuco as relações com a Petrobras sempre foram institucionais, transparentes e orientadas pelo interesse público”, disse Eduardo Campos, em uma resposta enviada por e-mail.

Ele não respondeu a perguntas a respeito dos aumentos nos gastos. Canal portuário

Em uma carta de 23 de setembro de 2010 para Paulo Roberto Costa, Eduardo Campos pediu R$ 200 milhões à Petrobras para um canal de acesso para permitir que os navios-tanque atracassem no terminal da refinaria porque as medidas de alívio a inundações haviam secado o orçamento do estado, mostraram os documentos.

Depois, os pedidos de pagamentos de Eduardo Campos à Petrobras chegaram a pelo menos R$ 829 milhões porque o governo estadual não foi capaz de pagar os outros trabalhos de construção com os quais Pernambuco havia se comprometido anteriormente, mostram os documentos.

Cinquenta e seis por cento dos recursos deveriam ser devolvidos à Petrobras ao longo de 25 anos com _as taxas que o complexo portuário geraria, mostram os documentos.

“O orçamento de todo o projeto, incluindo dragagens e fragmentação de rochas, atingiu um montante que o estado julgou acima de suas possibilidades”, escreveu um dos representantes de Paulo Roberto Costa pedindo o investimento adicional em uma carta que o ex-diretor de refino assinou e enviou ao conselho executivo para aprovação.

O advogado de Paulo Roberto Costa, Nélio Machado, não retornou telefonemas e e-mails com pedidos de comentários.

Os documentos obtidos pela Bloomberg mostram que Paulo Roberto Costa assinou pelo menos dois dos aumentos de custos que Eduardo Campos havia pedido e seu nome aparece em outra correspondência com Eduardo Campos.

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