Bolsonaro e Lula: parceria fiel ao candidato à reeleição tem diminuído. (Miguel Schincariol/Evaristo Sá/Getty Images)
Gilson Garrett Jr
Publicado em 25 de agosto de 2022 às 18h50.
Última atualização em 29 de agosto de 2022 às 15h17.
Parcela do eleitorado historicamente fiel ao presidente Jair Bolsonaro (PL), os evangélicos reduziram o apoio ao candidato à reeleição nos últimos quatro meses. De acordo com a pesquisa eleitoral EXAME/IDEIA, divulgada nesta quinta-feira, 25, as intenções de voto desta parcela do eleitorado no primeiro turno foi de 61%, em abril deste ano, para 53%, em agosto.
Por outro lado, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ganhou mais intenções de voto dos evangélicos, saindo de 17% para 28%, no mesmo período.
Maurício Moura, fundador do IDEIA, explica que essa migração de votos de Bolsonaro para Lula tem muita relação com os evangélicos de classes mais baixas (C, D e E), e mais impactados pela inflação - a alta de preços acumulada nos últimos 12 meses está em 9,6%.
“O novo valor do Auxílio Brasil [de 600 reais], principalmente na classe C do Sudeste, onde Bolsonaro precisa recuperar esses votos de 2018 que perdeu, não surtiu efeito. A questão da queda do valor dos combustíveis foi muito mais para o grupo onde o presidente já tinha boa avaliação e, portanto, boa intenção de voto. Então foi algo meio endógeno”, diz Moura.
Nas classes D e E (de forma geral, incluindo evangélicos), Lula tem vantagem sobre Bolsonaro em um primeiro turno (54% X 28%). Na classe C, o petista também está na frente, com 54%. O atual presidente e candidato à reeleição vem logo depois, com 27%.
Nos números gerais, a distância entre Lula e Bolsonaro no primeiro turno caiu de 11 para 8 pontos percentuais. Em uma pergunta estimulada, com os nomes apresentados previamente, Lula tem 44% das intenções de voto, mesmo número registrado na pesquisa feita há um mês. Já Bolsonaro saiu de 33% para 36%. O aumento está no limite da margem de erro da pesquisa.
LEIA TAMBÉM: Pesquisa eleitoral: Bolsonaro cresce 8 pontos no Sudeste e ultrapassa Lula na região
Ainda na simulação de primeiro turno, Ciro Gomes (PDT) aparece com 9%, e Simone Tebet (MDB), 4%. Os demais candidatos fizeram 1% ou não pontuam. Brancos e Nulos somam 2%, e aqueles eleitores que dizem que não sabem são 3%.
Para a pesquisa, foram ouvidas 1.500 pessoas entre os dias 19 e 24 de agosto. As entrevistas foram feitas por telefone, com ligações tanto para fixos residenciais quanto para celulares. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. A sondagem foi registrada no TSE com o número BR-02405/2022. A EXAME/IDEIA é um projeto que une EXAME e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública. Veja o relatório completo.
Maurício Moura, explica que a redução consistente da distância entre Lula e Bolsonaro ocorreu muito por conta de uma maior definição dos candidatos. Com isso, houve uma acomodação dos eleitores que diziam não saber em quem votar - eles somavam 12% no fim do ano passado.
LEIA TAMBÉM: Quais são os números dos candidatos à Presidência nas urnas em 2022
Uma terceira questão foi a desistência de outros nomes mais bem posicionados, como o ex-juiz Sergio Moro (União Brasil), e do ex-governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
“Isso reflete o grau de consolidação de voto e uma grande definição neste momento da eleição. O Bolsonaro tem duas frentes de potencial crescimento: o primeiro é consolidar e acomodar o sentimento antipetista, o segundo é que ele precisa convencer eleitores que votaram nele em 2018. Esses eleitores estão espalhados entre indecisos, Ciro Gomes e também entre os eleitores do Lula”, diz.
A simulação de segundo turno entre Lula e Bolsonaro ficou estável, se comparado com a última pesquisa. O petista tem 49%, ante 47% em julho. O atual ocupante do Palácio do Planalto pontuou 40%, e há um mês tinha 37%. Os dois crescimentos estão dentro da margem de erro da pesquisa.
EXAME/IDEIA ainda testou outros quatro cenários de segundo turno. Lula venceria Tebet (46% X 26%), e Ciro Gomes (43% X 31%). Bolsonaro seria vitorioso em uma disputa contra Ciro Gomes (38% X 34%), e também contra Tebet (40% X 25%).