Lula e Bolsonaro: o petista tem vantagem no geral. (Manuel Cortina/SOPA Images/Flickr)
Gilson Garrett Jr
Publicado em 29 de abril de 2022 às 09h00.
Última atualização em 29 de abril de 2022 às 09h40.
Na disputa pela presidência da República, os recortes por faixa de renda mostram quem tem mais preferência pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e pelo presidente Jair Bolsonaro (PL). Em um eventual segundo turno entre os dois, o petista venceria entre aqueles que ganham até um salário mínimo: 60% a 27%, ou seja, uma vantagem de 33 pontos percentuais. Lula também tem a preferência entre quem declara que ganha entre 1 e 3 salários (53% a 35%). Os dados são da mais recente pesquisa EXAME/IDEIA.
O presidente Bolsonaro, por sua vez, tem a preferência na parcela mais rica da população. Entre os que dizem ganhar entre 3 e 6 salários mínimos, ele venceria Lula por 51% a 37%. Para quem tem renda superior a 6 salários, ele também está na frente, mas por uma diferença menor: 46% X 42%.
A pesquisa ouviu 1.500 pessoas entre os dias 15 e 20 de abril. As entrevistas foram feitas por telefone, com ligações tanto para fixos residenciais quanto para celulares. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral com o número BR-02495/2022. A EXAME/IDEIA é um projeto que une EXAME e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública. Clique aqui para ler o relatório completo da pesquisa.
Apesar de estar na frente nas intenções de voto dos brasileiros em uma disputa ao Palácio do Planalto, a vantagem geral do ex-presidente Lula em relação ao presidente Bolsonaro em um eventual segundo turno está no menor valor desde junho do ano passado. Se a decisão final das eleições fosse hoje, o petista teria 48% e Bolsonaro 39%.
Na série histórica, Bolsonaro tinha vantagem sobre Lula até abril do ano passado, quando o petista ultrapassou o atual presidente na preferência dos eleitores. A maior diferença entre os dois chegou a 17% no fim do ano passado, mas desde então começou a diminuir, assim como a de eleitores que dizem que pretendem votar branco ou nulo (saiu de 16% para 9%).
Na avaliação de Maurício Moura, fundador do IDEIA, há uma melhora significativa das intenções de voto em Bolsonaro nos últimos meses, mas que outros números ainda soam um alerta, se comparado com pleitos anteriores.
“A pesquisa mostra que os indicadores são desfavoráveis na pergunta sobre se Bolsonaro merece continuar no cargo. Ainda é majoritário o número de pessoas que acha que ele não merece ser reeleito, acima de 50%. Nenhum presidente foi para a reeleição com este nível de reprovação”, explica Moura.
Segundo a EXAME/IDEIA, 39% dos eleitores não votariam de jeito nenhum no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A taxa de rejeição do presidente Jair Bolsonaro (PL) está mais alta que a do petista, em 45%. A reprovação ao nome de João Doria (PSDB) é de 21%, e de Ciro Gomes (PDT), 18%
Maurício Moura explica que a taxa de rejeição é um dos pontos centrais da eleição porque indica o quão disposto o eleitor está em mudar de voto e ser convencido durante a campanha. Este número foi decisivo em outras eleições.
“Os números de reprovação de Bolsonaro estão em patamares maiores que os de Lula. A chave da disputa vai ser os sentimentos de antipetistas e de antigoverno. A rejeição ao PT era maior em 2018 que agora”, lembra.
Por região, Lula é mais rejeitado no Centro-Oeste (49%), no Sudeste (43%), e no Norte (42%). Já Bolsonaro tem números piores no Nordeste (55%), e no Sul (43%). O petista tem uma desaprovação maior entre evangélicos, com 64%, enquanto o atual presidente tem uma situação mais negativa entre os católicos, com 59% de rejeição.
No fim da janela partidária, na última semana de março, Sergio Moro trocou o Podemos pelo União Brasil, a princípio, para ser candidato a deputado federal. Um dia depois de se filiar, disse que não tinha desistido do sonho de ser presidente do país e que não era candidato a um cargo no parlamento. Recentemente admitiu que pode não disputar o Palácio do Planalto, após o seu partido lançar o Luciano Bivar como pré-candidato.
Por conta dessa indefinição, a EXAME/IDEIA não testou o nome de Moro em uma disputa presidencial. Sem o ex-juiz, Bolsonaro ganha 4% e Lula 2% das intenções de voto no primeiro turno, em relação à pesquisa de março.
Tanto na testagem espontânea, sem os nomes apresentados previamente, quanto na estimulada, os dois polarizam a preferência do eleitor. Na estimulada, Lula está em primeiro, com 42%, e Bolsonaro vem logo em seguida, com 33%. Ciro Gomes aparece bem colocado somente na pesquisa estimulada, com 10% das intenções de voto.
Maurício Moura explica que essa migração de votos de Moro é maior para Bolsonaro por conta do antipetismo. “É uma acomodação dos eleitores antipetista ou eleitores que ficaram órfãs do ex-ministro juiz Sergio Moro. Há também eleitores do segmento evangélico que ficaram incomodados com a declaração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o aborto”, avalia.
Entre os evangélicos, 61% dizem que votariam em Bolsonaro em um primeiro turno, e 18% em Lula. Na pesquisa feita em março, 54% preferiam o atual presidente, e 21% o petista. Por outro lado, o ex-presidente mantém o favoritismo nos dois maiores colégios eleitorais do país: Nordeste (56% X 24%), e no Sudeste (38% X 33%).