Bolsonaro e Lula: presidente cresceu no Sudeste, mas estagnou entre beneficiários do Auxílio Brasil e no Nordeste (Bolsonaro: Andressa Anholete / Lula: Minas/Bloomberg/Getty Images)
Carolina Riveira
Publicado em 29 de agosto de 2022 às 09h22.
Última atualização em 29 de agosto de 2022 às 10h39.
Após as entrevistas do Jornal Nacional na semana passada, o cenário de intenção de voto para presidente pouco variou. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recuou dentro da margem de erro e reduziu a 7 pontos a vantagem para o presidente Jair Bolsonaro (PL) na corrida presidencial, enquanto Bolsonaro se manteve estável.
Os dados são de nova rodada da pesquisa eleitoral BTG/FSB, divulgada nesta segunda-feira, 29. Na sondagem para o primeiro turno:
Os candidatos logo atrás dos dois líderes cresceram, sobretudo Ciro Gomes (PDT), que avançou três pontos em relação à pesquisa anterior do mesmo instituto, uma semana antes. Simone Tebet (MDB) oscilou um ponto para cima.
A pesquisa é do Instituto FSB, encomendada pelo banco BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME). O Instituto FSB ouviu, por telefone, 2.000 pessoas entre os dias 26 e 28 de agosto. A sondagem foi feita já após as entrevistas de Lula e Bolsonaro ao Jornal Nacional e logo após o começo do horário eleitoral na quinta-feira, 26.
A pesquisa está registrada no TSE sob o número BR-08934/2022. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos e intervalo de confiança é de 95%.
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"Lula mantém a liderança, mas, assim como Bolsonaro, parece não ter ganhado mais votos com a ida ao Jornal Nacional. Apesar de 53% dos eleitores dizerem que podem votar no petista, só 43% votam no 1º turno", disse em nota na pesquisa Marcelo Tokarski, sócio-diretor do Instituto FSB Pesquisa.
O resultado torna a chance de Lula vencer no primeiro turno mais remota. Se excluídos brancos e nulos, o ex-presidente tem 46% dos votos válidos no primeiro turno, mas precisaria de 50% mais um voto nos votos válidos para vencer na primeira etapa.
Na pergunta espontânea, isto é, quando os próprios entrevistados tiveram de apontar um nome escolhido, Bolsonaro e Lula caíram ambos um ponto, dentro da margem de erro.
A vantagem do petista segue de 7 pontos. Ciro Gomes, que cresceu na estimulada, também avançou dois pontos na espontânea:
No segundo turno, as intenções de voto ficaram estáveis em relação à semana anterior:
Por esse cenário, Lula venceria com 13 pontos de vantagem.
Brancos e nulos somam 7% e não sabem ou não responderam, 2%, mesmos percentuais da pesquisa anterior.
O presidente Jair Bolsonaro ainda não conseguiu colher os louros da ampliação do Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600, uma das apostas do governo para o ano eleitoral.
Dentre os que recebem o benefício ou tem alguém da casa recebendo (16% da amostra da pesquisa), Bolsonaro teve 24% das intenções de voto, ainda muito atrás de Lula (58% entre quem recebe e 62% entre o grupo que tem alguém da casa recebendo).
Apesar das variações na amostra a cada semana, Lula se mantém com intenção de voto acima de 50% e encostando em 60% neste grupo. Isto é, o suficiente para vencer no "primeiro turno" entre os beneficiários.
Entre quem não recebe Auxílio Brasil, Bolsonaro vai melhor e empata com o petista (39% para Lula e 38% para Bolsonaro).
"Esta rodada da pesquisa foi feita após todos os beneficiários do Auxílio Brasil terem recebido o pagamento da primeira parcela reajustada para R$ 600,00. No entanto, o leve crescimento de Jair Bolsonaro registrado há uma semana neste segmento não se confirmou", disse Tokarski. "Aparentemente, o novo valor não mexeu com a escolha eleitoral desse público."
Como já havia aparecido na pesquisa EXAME/IDEIA, na semana passada, Bolsonaro passou a aparecer à frente de Lula no Sudeste, região que tem sido apontada como crucial na "conversão" dos últimos indecisos e para a vitória nesta eleição.
Lula perdeu quatro pontos no Sudeste e Bolsonaro subiu levemente, com um ponto, ambos dentro da margem de erro:
O candidato Ciro Gomes também cresceu no Sudeste, indo de 5% para 9% na região em uma semana.
No Nordeste, onde Lula já vence em todas as pesquisas, o ex-presidente ampliou sua vantagem e cresceu cinco pontos:
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Apesar do avanço do presidente Bolsonaro em regiões importantes, analistas da FSB apontam que a alta rejeição ao governo e a estagnação na visão de melhora na economia (que vinha aparecendo nas últimas pesquisas com a redução no preço dos combustíveis, mas estagnou) podem atrapalhar a continuidade do avanço do presidente.
"Há três semanas, as taxas de avaliação e de aprovação do governo Bolsonaro estão estáveis. Em tentativas de reeleição, essa é uma variável muito importante. Hoje, o predomínio de avaliações negativas é um impeditivo para o crescimento do candidato Bolsonaro, que precisa ter seu governo reconhecido por mais eleitores. Para isso, sua campanha aposta no horário eleitoral", disse Tokarski, do Instituto FSB.
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