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Peritos que alegam falta de condições estão mentindo, diz INSS

Caso os peritos não voltem, as pessoas podem seguir requerendo a antecipação ou a prorrogação dos valores a serem recebidos pelo afastamento

INSS: 1 milhão de brasileiros esperam o retorno das agências (Agência Brasil/Agência Brasil)

INSS: 1 milhão de brasileiros esperam o retorno das agências (Agência Brasil/Agência Brasil)

Karla Mamona

Karla Mamona

Publicado em 20 de setembro de 2020 às 21h19.

Enquanto o governo federal enfrenta resistência de peritos médicos sobre o retorno do trabalho presencial, o presidente do INSS, Leonardo Rolim, disse neste domingo, 20, que os profissionais que alegam falta de condições sanitárias para trabalhar presencialmente "estão mentindo". Rolim afirmou que a categoria está no rol de atividade essenciais e que os profissionais que não retornarem ao trabalho estarão sujeitos a medidas administrativas e descontos no salário.

A declaração foi dada em entrevista à Globonews na noite deste domingo e reforça o impasse entre o governo a Associação Nacional dos Peritos (ANMP), que se opõe à retomada das atividades sob a alegação de falta de condições sanitárias apropriadas contra a covid-19, o que o governo federal nega.

Rolim ressaltou, contudo, que a maioria dos peritos não pensa assim. Para ele, a resistência ao retorno parte de um grupo específico, vinculado a uma entidade de classe com "interesse político por trás". "O que está acontecendo é algo de um grupo vinculado a uma associação, a uma entidade de classe", observou.

Sem funcionamento presencial desde o início da pandemia, a reabertura das agências do INSS é esperada por cerca de 1 milhão de brasileiros que aguardam uma perícia para receber seu benefício. Depois do envio de notificações para o retorno não surtir efeito em algumas unidades, o governo na última sexta-feira, 18, publicou no Diário Oficial da União (DOU) um edital de convocação para que os servidores retomem os atendimentos de forma imediata em 150 unidades.

Rolim afirmou que, caso os peritos não voltem, as pessoas podem seguir requerendo a antecipação ou a prorrogação dos valores a serem recebidos pelo afastamento.

Como o secretário especial de Previdência e Trabalho, Bruno Bianco, já havia sinalizado, Rolim destacou que os profissionais que não forem trabalhar sofrerão descontos na folha. "Além de descontar o salário de quem não for trabalhar, a Secretaria de Previdência também deve tomar as medidas administrativas porque não é só a falta, mas descumpre a lei a ausência do trabalho."

O presidente do INSS disse ainda que não cabe à associação realizar inspeções secundárias nas agências. Segundo ele, o sindicato pode realizar apenas "visitas" e apontar eventuais irregularidades. Rolim indicou que novas inspeções devem ocorrer e que o governo federal analisa realizá-las em parceria com o Ministério Público Federal e o Ministério Público do Trabalho.

O impasse com a associação da categoria para o retorno das perícias já refletiu inclusive em trocas na cúpula da Subsecretaria da Perícia Médica, do Ministério da Economia. A titular anterior, Vanessa Justino, foi exonerada depois de revogar unilateralmente, em 15 de setembro, um ofício que ela mesma havia assinado no dia anterior, em conjunto com Rolim, estabelecendo as orientações para as inspeções nas agências.

Em declarações à imprensa ao longo dos últimos dias, Rolim reconheceu falhas no processo de retomada. Em entrevista à rádio CBN, no dia 15, o presidente do INSS afirmou que a inspeção nas agências "foi muito próxima da reabertura". Ele ressaltou, contudo, que o órgão estabeleceu o "protocolo de segurança sanitária mais rígido dentro do setor público" e lamentou os problemas com a situação das perícias.

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