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Perito é 1ª testemunha de acusação ouvida no julgamento

Negrini foi ouvido como testemunha de acusação em todas as etapas do julgamento até o momento


	Pavilhão 9 da Casa de Detenção do Carandiru: na tarde de hoje, o perito voltou a dizer que seu trabalho no local foi prejudicado porque provas foram violadas ou adulteradas
 (Antonio Milena / VEJA)

Pavilhão 9 da Casa de Detenção do Carandiru: na tarde de hoje, o perito voltou a dizer que seu trabalho no local foi prejudicado porque provas foram violadas ou adulteradas (Antonio Milena / VEJA)

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Da Redação

Publicado em 17 de fevereiro de 2014 às 17h55.

São Paulo - O perito criminal Osvaldo Negrini foi a primeira testemunha de acusação a ser ouvida hoje (17) na terceira etapa do julgamento dos envolvidos no Massacre do Carandiru.

Negrini foi ouvido como testemunha de acusação em todas as etapas do julgamento até o momento.

O depoimento durou cerca de uma hora e quarenta minutos.

Nesta etapa, 15 policiais, integrantes do COE (Comando de Operações Especiais), são julgados pela morte de oito presos que ocupavam o quarto pavimento (ou terceiro andar) da antiga Casa de Detenção do Carandiru.

O perito começou o depoimento dizendo que esteve na Casa de Detenção no dia em que ocorreu o massacre, 2 de outubro de 1992, quando 111 detentos foram mortos e 87 ficaram feridos durante uma operação policial destinada a reprimir uma rebelião no Pavilhão 9.

Negrini declarou que foi ao presídio no carro de um delegado, junto com um fotógrafo da perícia.

Chegando ao local, foi impedido de entrar no Carandiru e levou cerca de duas horas para convencer os policiais a autorizarem sua entrada no Pavilhão 9.

Segundo ele, assim que entrou no pavilhão, presenciou “cenas de uma violência descomunal, descabida”.

Na tarde de hoje, o perito voltou a dizer que seu trabalho no local foi prejudicado porque provas foram violadas ou adulteradas. “Infelizmente, os cadáveres [dos detentos] não estavam na posição em que foram executados. Eles estavam todos amontoados”, disse o perito.

“Vi 89 corpos [no local]. Tinha contado inicialmente 90 corpos, mas depois fiz a contagem novamente, e cheguei a 89 corpos. Todos eles com marcas de tiros”.

De acordo com Negrini, o restante dos corpos, que estavam no quinto pavimento, só foram encontrados no dia seguinte ao episódio. O perito relatou que as marcas de balas nas paredes não foram adulteradas. “Não houve tempo para disfarçar, pintar ou jogar massa nos vestígios das balas nas paredes”, disse.

Por meio dessas marcas, contou o perito, foi possível fazer um laudo sobre o ocorreu na Casa de Detenção do Carandiru. “Encerrei o laudo, [concluindo] que os tiros foram dados da porta das celas para o interior delas, com tiros de pistolas e metralhadoras, já que havia vestígio de cobre nas paredes. Foram mais de 400 disparos feitos nos pavimentos e, somando com as mais de 300 balas que foram recolhidas pelo Instituto Médico-Legal do corpo das vítimas, davam mais de 700 disparos feitos dentro do Pavilhão 9”.

A partir dos vestígios nas paredes, o perito disse que não houve confronto entre detentos e policiais no local. Segundo ele, os tiros foram disparados, na maioria, em uma única direção: de fora para dentro das celas. “Mais de 80% dos vestígios estavam concentrados no interior das celas. Teria que haver disparos nas paredes dos corredores [para caracterizar o confronto]”, disse.

Conforme o perito, o quarto e o quinto pavimentos do Pavilhão 9 tinham poucos vestígios de balas comparados aos demais. “Haviam poucos vestígios. Cerca de 30 [vestígios] dos mais de 400 vestígios que encontrei em todo o Pavilhão 9”.

Questionado pelo advogado de defesa dos policiais, Celso Vendramini, o perito confirmou que apenas em uma das celas do quarto pavimento do Pavilhão 9 foram encontrados vestígios de bala na parede, no interior da cela.

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